Dona Beja: certidão de óbito reescreve a história e preserva o legado de uma mulher ousada e destemida
Após 150 anos, certidão de óbito oficializa o descanso de Dona Beja em Estrela do Sul, perpetuando seu legado histórico e cultural
Dona Beja, nome que ecoa por gerações, foi uma das personalidades mais marcantes do Brasil no século XIX. Nascida Ana Jacinta de São José em 2 de janeiro de 1800, em Formiga, no centro-oeste de Minas Gerais, Dona Beija se tornou um ícone de força, coragem e mistério.
Sua vida, marcada por romances proibidos, sequestros, violência e poder político, atravessa os tempos e, agora, após 150 anos de sua morte, um marco histórico foi registrado: sua certidão de óbito, emitida oficialmente no dia 10 de dezembro de 2024.
Um pouco da história de Dona Beja
Dona Beja foi uma mulher que desafiou os limites de sua época. Aos 15 anos, foi sequestrada por um nobre da realeza e libertada dois anos depois. Discriminada pela sociedade conservadora da época, decidiu abrir um bordel e conquistou grande influência sobre os poderosos de Araxá, tornando-se uma figura central nas histórias que permeiam a história de Minas Gerais e do Brasil Império.
Em Estrela do Sul, cidade que escolheu para viver seus últimos anos e onde passou a ser comerciante de pedras preciosas, Dona Beja ganhou notoriedade. Sua história, até então registrada por livros, novelas e museus, nunca havia sido oficializada por um documento formal de falecimento.
A certidão, emitida recentemente, não só ratifica sua morte aos 73 anos, mas também confirma seu sepultamento no município de Estrela do Sul, onde a mulher destemida finalmente descansou após uma vida repleta de desafios.
A busca pela certidão de óbito envolveu um processo minucioso de investigação histórica e burocrática. “Tivemos que analisar livros de batismo e casamento, além de documentos da época, para chegar a uma conclusão sobre o falecimento de Dona Beja”, explica a tabeliã Liender dos Reis, responsável pelo registro, que destacou a importância do feito.
Liender também revelou: “Quando li que o documento era sobre Dona Beja, senti algo sobrenatural, como se estivesse em contato com um passado que se fazia presente”.
O processo levou meses e contou com a colaboração de historiadores, autoridades locais e o cartório de registro civil da cidade. “Foi um trabalho minucioso de investigação, que envolveu não só as autoridades locais, mas também historiadores. Tivemos que fazer quase uma escavação para comprovar o sepultamento, mas conseguimos, através de relatos e documentos históricos”, afirma a tabeliã.
A conquista da certidão de óbito é vista como uma grande vitória para Estrela do Sul. “A cidade é toda encantada por Dona Beja, e o fato de termos agora o registro oficial de sua morte coroou ainda mais a importância dela para a cidade”, afirma o professor Mário Lúcio Rosa, que dedica parte de seu trabalho à preservação do legado de Dona Beija. “A história que conhecemos de Dona Beija é rica, e esse documento histórico ficará guardado como parte fundamental do nosso patrimônio.”
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Dona Beija, que viveu seus últimos anos em Estrela do Sul e sempre foi lembrada pela sua personalidade forte, desafiante e misteriosa, continua a ser uma figura imortalizada na memória e no coração dos brasileiros. “Sempre ouvi falar dessa mulher elegante, bonita e com tantas conquistas na história de Minas Gerais e do Brasil inteiro”, diz um morador da cidade, que cresceu ouvindo histórias sobre Dona Beja. “Até hoje tenho muito orgulho de ser estrela-sulense e de fazer parte dessa história tão linda.”
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Atualmente, Estrela do Sul se tornou um destino turístico, com visitantes de diversas partes do Brasil, interessados em conhecer mais sobre a vida de Dona Beja. O município conta com um Museu Municipal e um casarão tombado, que preservam partes do acervo pessoal de Dona Beja, como réplicas de sua cama e até a planta da ponte que ela ajudou a construir na cidade.
A conquista da certidão de óbito não só reforça a importância de Dona Beja para Estrela do Sul, mas também amplia o reconhecimento de sua trajetória, que continua a inspirar gerações. “Agora, temos um novo capítulo dessa história sendo escrito”, conclui a tabeliã.
