Dia Nacional do Circo: a história de Piolin e o legado da arte que faz o Brasil sorrir
Homenagem ao palhaço Piolin relembra a importância do circo e os artistas que mantêm essa tradição viva
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O dia 27 de março é uma data especial para a cultura brasileira, celebra-se o Dia Nacional do Circo, uma homenagem à arte circense e a um de seus maiores ícones, o Palhaço Piolin.
No picadeiro do tempo, onde as luzes brilham e as gargalhadas ecoam, o Dia Nacional do Circo nos convida a celebrar aqueles que transformam a arte do riso em magia. Entre os palhaços que marcaram essa trajetória, Piolin se ergue como um símbolo de criatividade e paixão pelo espetáculo.

Piolin, nascido Abelardo Pinto, veio ao mundo no dia 27 de março de 1897, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Criado entre lonas coloridas e serragem dourada, cresceu observando os movimentos ágeis e os risos sinceros que ecoavam sob a lona do circo de sua família.
Com pernas finas como um barbante – origem de seu nome artístico –, Piolin se tornou referência no universo circense. Ele não era apenas um palhaço; era um contador de histórias com o corpo, com o olhar e com o silêncio que precedia a explosão do riso. Seu talento foi reconhecido pelos modernistas, que o exaltaram como uma verdadeira joia do Brasil popular.
Piolin: reconhecimento e influência na cultura brasileira
Piolin ganhou notoriedade nacional ao ser reconhecido por intelectuais da Semana de Arte Moderna de 1922, como Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Na época, foi considerado um símbolo da cultura popular brasileira e homenageado em um almoço simbólico, onde os modernistas o “devoraram” em referência ao movimento antropofágico.

Ao longo da carreira, Piolin trabalhou em diversos circos e também na televisão, com passagens pela TV Tupi. Seu talento influenciou gerações de artistas e ajudou a consolidar o circo como uma das manifestações culturais mais importantes do Brasil.
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O legado do riso: novas gerações e a força do circo
O riso nunca se extingue; ele se reinventa, encontra novos lares e se reflete em novos rostos. Um desses rostos é o da atriz e palhaça Lilian Moraes, que fez da arte circense seu refúgio e sua forma mais pura de expressão. Durante uma aula no curso de teatro da UFU, sua palhaça Dolin nasceu – um encontro inesperado, mas definitivo.

Desde o nascimento de Dolin até os dias de hoje, seja no picadeiro ou em apresentações em salas de hospital, Lilian carrega consigo a história daqueles que abriram caminho para que o riso pudesse ecoar livremente.
“Se hoje podemos usar o nariz vermelho e fazer o público rir, é porque grandes nomes, como Piolin, pavimentaram essa estrada com suor, talento e paixão”, destaca a artista.

Desde criança, Lilian vestia-se com as roupas da mãe e treinava emoções diante do espelho, já ensaiando a grandiosa peça que seria sua vida. “O espelho era meu primeiro público”, lembra Lilian, com um sorriso nostálgico. “Ali, eu podia errar, chorar, rir de mim mesma e descobrir que a beleza do riso mora justamente na imperfeição”.
Contra as expectativas da família, seguiu o chamado do coração e mergulhou no teatro e na palhaçaria, encontrando nos tropeços e nos erros a beleza do ofício. Para ela, ser palhaça é enxergar a vida com um olhar amoroso e simples, onde o inesperado se transforma em poesia.
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Lilica e Lilitu: o circo que segue encantando o público

E há mais risos nessa história. Lilica e Lilitu, dois palhaços que circulam pelas cidades levando alegria, são a prova viva de que o espírito do circo nunca se apaga. Lilica, com seu nariz vermelho vibrante e gestos desengonçados, encanta as crianças com sua ingenuidade. “Eu não sou desastrada, eu só vejo o mundo de um jeito diferente”, brinca Lilica.
Já Lilitu, seu parceiro na vida e nos palcos, combina humor esperto e olhar maroto para desafiar, dia após dia, o público a rir de si mesmo. “A vida é séria demais para não ser levada na brincadeira”, provoca o palhaço, com um brilho travesso no olhar.

Mas para ele, o circo é mais do que arte – é herança, identidade e paixão que pulsa no peito. Com orgulho, Lilitu faz questão de lembrar suas raízes e honrar a profissão que aprendeu com o pai. “O circo é uma paixão que passa de geração em geração. Estar no picadeiro é mais do que um trabalho, é um jeito de viver”, declara o artista.
O circo no Brasil hoje
Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor, a arte circense segue forte, com novas escolas de circo e projetos sociais que incentivam a formação de artistas. Em 1978, foi criada a Academia Piolin de Artes Cênicas, a primeira escola de circo do Brasil, reforçando a importância da profissionalização na área.
O Dia Nacional do Circo não é apenas uma celebração, mas também um momento de reflexão sobre o papel do circo na sociedade. Como Lilian Moraes ressalta, “a palhaçaria é um instrumento poderoso de autoconhecimento e conexão com o público. O riso gera liberdade e transforma vidas”.
Assim, a cada 27 de março, o Brasil celebra não apenas a arte do circo, mas também o legado de Piolin e de todos os artistas que mantêm viva essa tradição. Afinal, como dizia o próprio Piolin: “O riso é a melhor ponte entre as pessoas”.