Dia do Rádio: Paranaíba 100.7 e Educadora marcaram gerações em Uberlândia
História e paixão pelas ondas sonoras mostram como o rádio moldou a cultura e a política da cidade
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O Dia do Rádio, celebrado nesta quinta-feira (25), é uma oportunidade para relembrar como esse veículo transformou a forma de se comunicar e marcou gerações. Em Uberlândia, rádios como a Educadora e a Paranaíba 100.7 têm papel fundamental na vida cultural, política e social da cidade, construindo pontes entre informação, música e comunidade.
Ary de Castro Santos Jr., presidente do Grupo Paranaíba de Comunicação, resume bem a essência do rádio ao lembrar que ele sempre esteve ao alcance das pessoas, seja em casa, no trabalho ou no carro. “Com um gesto simples a gente liga, sintoniza e ele está lá a postos. A sua força está na companhia. O rádio é companheiro, este é o seu maior trunfo, porque ele é vivo. Ele interage, informa, diverte e nos acompanha”, destaca o presidente.
A Rádio Educadora surgiu em 1953 como a segunda emissora AM da cidade, reunindo os empresários João Naves de Ávila e Nicomedes Alves dos Santos e o intelectual Mário Palmério. O objetivo era claro, criar um espaço cultural que informasse e educasse. Décadas depois, em 1977, nasceu a Paranaíba FM, a primeira em frequência modulada da cidade, trazendo som estéreo de qualidade e uma proposta ousada de programação musical.

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Neivaldo Silva Magoo, jornalista e radialista que trabalhou por quase 30 anos no Grupo Paranaíba, lembra que a Educadora foi pioneira em coberturas jornalísticas e transmissões históricas. “Na época, o Jornal da Manhã parava a cidade. A Educadora lançou nomes que hoje brilham na imprensa nacional e sempre foi referência em coberturas de eleições e jornalismo de qualidade.”
Victor Fernandes, apresentador da Rádio Educadora, também recorda momentos marcantes da história recente da emissora. Ele destaca a cobertura da greve dos caminhoneiros em 2018, como um dos episódios mais intensos de sua carreira. “Lembro que estava ao vivo quando as primeiras informações sobre bloqueios de rodovias chegaram. Na volta para casa, já foi possível ver alguns postos de combustíveis com filas de carros para abastecer. No dia seguinte, informamos sobre o início da falta de alguns produtos em supermercados. Foi um momento importante de tensão econômica e política que a Educadora acompanhou de perto.”

Além disso, Fernandes relembra uma entrevista marcante com o governador Romeu Zema, em um momento delicado de mudanças na gestão estadual e proximidade do período eleitoral. “O clima estava tenso, mas eu aproveitei para quebrar o gelo antes da entrevista e cobrei do governador que, assim como fez em um podcast de São Paulo, também trouxesse uma cesta de produtos mineiros para os jornalistas daqui. Todos riram, a entrevista fluiu bem, mas até hoje eu não vi essa cesta de produtos de Minas.”
A ousadia que colocou o sertanejo no topo
Nos anos 80, a Paranaíba FM passou por uma transformação histórica ao apostar 100% na música sertaneja. Francisco Roberto, uma das vozes mais icônicas da rádio, relembra esse marco. “Foi uma ousadia que deu certo. De lá pra cá, não saímos do primeiro lugar. O rádio evoluiu, ganhou streaming e redes sociais, mas continua com a mesma essência, ser companhia e emocionar o ouvinte.”

Novas vozes e novas conexões
A Paranaíba segue se reinventando. Atualmente, a rádio mudou sua identidade visual e, aposta em locutores jovens e integração digital. Charles Júnior, conhecido nas redes sociais como “o menino da rádio”, foi contratado aos 19 anos e representa essa nova fase. “Sempre sonhei trabalhar aqui. O que me encantava era a interação dos locutores com o público. Agora, com as redes sociais, conseguimos estar ainda mais próximos dos ouvintes, em qualquer lugar do Brasil ou do mundo.”

Ediani Almeida, locutora da Paranaíba, destaca a importância da interação direta com os ouvintes. “A Paranaíba FM busca realmente estar junto com essa nova geração. O WhatsApp virou o novo telefone da rádio. A gente ouve, responde, toca a música pedida na hora. Estar nos eventos, olhar no olho do ouvinte, dar um abraço, é isso que faz o rádio continuar vivo e emocionante.”
A jovem locutora também revela que os bastidores da rádio são cheios de surpresas que muitos ouvintes nem imaginam. Para ela, abrir o microfone é como deixar todos os problemas do lado de fora e se conectar inteiramente com o público. “Ali é o momento de transmitir alegria, de sentir a energia do rádio e encantar milhares de pessoas que nos escutam em casa, no trabalho, em qualquer lugar”, conta Ediani Almeida.

Rádio e memória afetiva
Para muitos uberlandenses, o rádio é mais que um meio de comunicação, é parte da memória afetiva. Ele embalou histórias de amor, animou festas, informou sobre eleições e aproximou vizinhos. Do AM ao FM, das transmissões analógicas às lives no Instagram, a essência segue intacta, o rádio continua sendo companhia diária de milhares de pessoas.
Um futuro conectado
Atualmente, as rádios locais são multiplataforma. Além do dial (frequência), estão no streaming, no YouTube, nas redes sociais e nas coberturas de eventos. Esse movimento garante que o legado iniciado há mais de 70 anos siga relevante para as novas gerações.