Dia do folclore: conheça as 7 lendas mineiras que atravessam gerações

Mais do que entretenimento, folclore é uma expressão de identidade que traduz a história, os valores, os costumes e as crenças de uma comunidade

, em Uberlândia

O folclore representa o conjunto de expressões culturais de um povo, preservadas e transmitidas de forma oral ao longo das gerações. Ele engloba lendas, mitos, músicas, danças, festas populares, brincadeiras e diversas outras manifestações. Mais do que entretenimento, é uma expressão de identidade que traduz a história, os valores, os costumes e as crenças de uma comunidade.

7 lendas mineiras
Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, relembra lendas, costumes, danças, festas e mitos que formam a cultura de um povo – Crédito: Imagem gerada por IA

Para muitas pessoas, quando falamos de folclore, a primeira coisa que vem em mente são mitos e lendas, que são passadas de geração em geração e que, de certa forma, contam a história de lugares, costumes e de medos. Neste dia do folclore, o Paranaíba Mais reuniu sete destas histórias.

Lenda da Fazenda Tira Couro (Uberlândia/São Bento Abade)

A lenda da Fazenda Tira Couro, localizada na região do distrito de Cruzeiro dos Peixotos, em Uberlândia, é uma das histórias urbanas que mais mexeu com a imaginação popular e se mantém viva há anos. O nome teria origem em relatos de que um padre teria sido morto depois de ter tido sua pele, mas a versão mais difundida aponta que a região ficou conhecida porque muitas pessoas utilizavam as margens de um córrego para abater animais e lavar seus couros ali mesmo.

O nome “Tira Couro” também está presente no imaginário de São Bento de Abade, e foi dado à uma figueira em que um homem teria sido esfolado e pendurado para morrer por sete homens. A história remete a meados de 1800 e, segundo a história, o irmão da vítima teria recebido autorização da Justiça Colonial para vingar o acontecido.  Ele teria, então, passado seis anos para dar fim em cada um dos envolvidos. Com prova da vingança, teria usado um colar com uma orelha de cada um dos assassinos. O personagem, Januário Garcia Leal, é considerado um dos heróis da cidade, e tem até uma estátua no centro de São Bento Abade.

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Lenda dos Diamantes  (Diamantina)

Na chamada terra dos diamantes, conta-se que os povos indígenas que habitavam a região entraram em confronto com os colonizadores que chegavam para conquistar aquelas terras. Entre os nativos, havia grande reverência por uma imensa árvore considerada sagrada, e os portugueses, percebendo isso, decidiram atacá-la para enfraquecer a tribo. Os índios acreditavam que, se o símbolo fosse destruído, também chegaria ao fim a existência de seu povo.

Com o tempo, rivalidades internas dividiram o cacique e seus guerreiros, resultando em batalhas sangrentas que deixaram poucos sobreviventes, refugiados na mata. O céu então se fechou em escuridão, enquanto chamas consumiam a árvore venerada. Naquela mesma noite, uma tempestade violenta trouxe raios e trovões. Diante da tragédia, um velho pajé lançou uma maldição sobre a região. As fortes chuvas espalharam as cinzas da árvore pelo solo e, segundo a tradição, dessas cinzas brotaram os diamantes que marcaram para sempre o lugar.

Lenda do Bicho da Fortaleza (Vale do Jequitinhonha)

O Bicho da Fortaleza ou Bicho da Pedra Azul,  é uma lenda do Vale do Jequitinhonha e arredores, descrito de várias formas. Uma das versões é que um enorme cachorro preto surge ao anoitecer, um lobisomem, um homem sedutor, uma figura misteriosa de capa escura nas noites sem lua, ou até mesmo uma pessoa comum. Ele pode assumir diversas formas, atacar pessoas e animais ou agir de forma sedutora. Até hoje é usado para amedrontar crianças desobedientes.

Em outra versão, ele era um homem alcoólatra e agressivo, amaldiçoado pela mãe, que morreu de cirrose e passou a assombrar sua antiga residência. Tem histórias de um rico fazendeiro cruel, que maltrata sua mãe e, após a morte, seu túmulo exibe sinais estranhos, dando origem ao espírito que vagueia pelas noites.

Loira do Bonfim (Belo Horizonte)

No centro de Belo Horizonte circula a lenda de uma misteriosa mulher loira, conhecida como a Loira do Bonfim, surgiu por volta da década de 1950. Reza a lenda que, sempre perto das 2h da manhã, ela aparecia pedindo carona aos motoristas que trafegavam pela região.

Curiosos, eles perguntavam para onde ela ia, e a resposta era sempre a mesma. “Para minha casa.” Mas o destino revelava um segredo sombrio, a “casa” era, na verdade, o cemitério mais antigo da cidade, no bairro do Bonfim. Ao descer do carro, a mulher desaparecia sem deixar rastro, deixando atrás apenas medo e mistério.

Alguns moradores garantem que a lenda nasceu de uma brincadeira de um antigo habitante do bairro, que usava um manequim para criar o efeito assustador. Verdade ou invenção, a história se mantém viva na memória da cidade.

Capeta da Vilarinho (Belo Horizonte)

A lenda surgiu na avenida Vilarinho, em Venda Nova, Belo Horizonte, famosa por seus forrós, gafieiras e bailes de todos os estilos. O complexo de quadras, onde os bailes acontecem, foi inaugurado em outubro de 1982 e, a partir de janeiro de 1983, passou a receber eventos populares, quando Francisco Filizzola, proprietário do local, começou a ser procurado por equipes de som interessadas em atrair jovens para dançar.

De acordo com a história, durante um concurso de dança realizado nas quadras, o rei do baile, o renomado dançarino Ricardo Malta, enfrentou um participante misterioso que usava chapéu. No final, só restaram ele e o desconhecido, que acabou vencendo o concurso. Ao retirar o chapéu para celebrar, todos ficaram chocados ao perceber que ele tinha dois chifres na cabeça. O homem desapareceu rapidamente, deixando os presentes em completo alvoroço, e nunca mais foi visto.

Chico Rei (Ouro Preto)

No século XVIII, durante o ciclo do ouro, uma mina localizada na antiga Vila Rica, hoje conhecida como Ouro Preto, pertencia a major Augusto, que adquiriu um grupo de escravos trazidos da África.

Entre eles estava Chico, um monarca africano, do Reino do Congo. Segundo a lenda, trabalhou incansavelmente na mina e, junto com seu filho, conseguiu obter a alforria. A lenda diz que ele escondia parte do ouro nos cabelos, acumulando riqueza sob a proteção de religiosos da época.

Com o tempo, Chico comprou a própria mina e também a liberdade de seus companheiros de trabalho, ganhando o título de Rei dos Escravos. Desde então, sua história se tornou um marco do folclore mineiro, celebrando a liberdade e a luta pelos direitos dos negros. Hoje, é possível visitar a mina e conhecer de perto esse capítulo histórico

A alma que pediu missa (Nova Lima)

Reza a lenda que no terreno onde hoje se ergue a Igreja Matriz de Santo Antônio havia uma pequena capela e, ao lado, um cruzeiro. Conta-se que um grupo de homens morreu ali enquanto conduzia uma boiada, e, desde então, algumas pessoas afirmavam ouvir gemidos e lamentos misteriosos, sem conseguir identificar a origem.

Certo dia, um morador resolveu investigar e encontrou um homem sentado próximo ao cruzeiro. Ele pediu que fosse celebrada uma missa em seu nome, indicando ainda o nome de sua filha e o endereço para que ela pudesse providenciar a cerimônia. Ao visitar o local, o morador confirmou a história: o jovem realmente havia falecido ali, e fazia muito tempo que nenhuma missa havia sido rezada por sua alma.