Conheça artistas que transformaram ideias em projetos com investimento municipal
Programa Municipal de Incentivo à Cultura apoiou 559 iniciativas desde 2020, fortalecendo o cenário artístico local, mas artistas pedem menos burocracia nos editais.
Em Uberlândia, o Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) tem ajudado artistas a transformar ideias em realidade, com R$ 32 milhões investidos em 559 projetos culturais nos últimos cinco anos. Em 2025, o programa manteve o aporte anual de R$ 6,6 milhões, contemplando iniciativas nas áreas de música, teatro, dança, audiovisual, literatura e culturas digitais.
Do festival universitário de dança à série documental sobre artistas locais, passando por oficinas educativas e intervenções urbanas, os projetos apoiados mostram como o PMIC se tornou o principal motor de fomento cultural da cidade. Conheça algumas das histórias, inspirações e desafios de quem transforma arte em ação com o apoio do programa.
Transformação de projetos em realidade
Produtores e artistas que participaram do PMIC destacam a importância do apoio para a execução de iniciativas que, segundo eles, dificilmente sairiam do papel sem o suporte público.
A produtora e bailarina Deborah Caprioli, de 26 anos, executou o Fiapu de Dança (Festival de Integração Artística para Universitários de Dança), um evento online de abrangência nacional. O festival recebeu mais de 100 inscrições de 22 universidades do país e ofereceu premiações.
“Basicamente o projeto não seria executado sem o incentivo de algum edital”, afirma a artista. Segundo ela, o PMIC permitiu valorizar a produção artística universitária, premiar 10 trabalhos e 3 oficinas, e ainda gerar empregos e bolsas para três assistentes de produção, além de custear a equipe executora.
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O Fiapu de Dança selecionou 10 trabalhos artísticos e três propostas de oficinas para serem exibidos e premiados em dinheiro, além de promover rodas de conversa com artistas e público. A realização do projeto contou com uma equipe de seis profissionais, com funções bem definidas em cada etapa.
“O objetivo do projeto era realizar um evento que valorizasse a produção artística universitária em âmbito nacional. Além de dar visibilidade a essas criações, o principal incentivo para a participação dos estudantes foram os prêmios em dinheiro. Também buscamos proporcionar uma vivência profissional em produção de eventos, selecionando três discentes para integrar a equipe como bolsistas e assistentes de produção”, explicou Deborah Caprioli.
A produtora reforça que o apoio do PMIC foi fundamental para viabilizar a premiação dos trabalhos e oficinas, oferecer bolsas a estudantes e remuneração à equipe executora, responsável pela escrita, produção e realização do festival.
No ano passado, Deborah Caprioli também participou do projeto Corpo Vira Som, idealizado pela artista Panmela Tadeu, que resultou no primeiro espetáculo profissional de sapateado americano e jazz dance de Uberlândia, com trilha sonora autoral e 60 tablados de madeira construídos especialmente para as apresentações — iniciativa que também contou com incentivo do PMIC.
Música
Entre as ações mais conhecidas realizadas com apoio do PMIC está o Fundinho Festival, que teve sua 9ª edição em setembro deste ano, na Praça Clarimundo Carneiro.
O evento, voltado ao jazz e ao blues, também celebrou o centenário do Coreto Municipal Ladário Teixeira, reforçando o papel do programa na promoção de atividades culturais de grande alcance popular.
Audiovisual
A produtora cultural Camila Amuy, de 32 anos, realizou a série documental Entre Linhas, que apresenta histórias e processos criativos de artistas uberlandenses. Para ela, o PMIC foi essencial para viabilizar o projeto, que dificilmente existiria de forma independente.
“O Entre Linhas nasceu da vontade de conhecer e registrar as histórias de artistas da cidade, mas também de compreender o processo de criação de cada um, o que acreditam, de onde partem suas ideias e como se relacionam com Uberlândia. A linguagem audiovisual nos permite mergulhar nesse universo”, contou.
Segundo Amuy, o projeto foi moldado conforme o edital. “Desenhamos toda a estrutura com base na verba do PMIC. Esse recurso determinou o escopo do projeto e permitiu que ele saísse do papel. Sem o incentivo, não teria como realizar”, explicou.
Com o apoio do programa, Camila e sua equipe produziram nove episódios, todos disponíveis no YouTube. “A primeira temporada só foi possível graças ao PMIC. Ele é o principal edital da cidade, e os artistas já se programam para participar todos os anos. A Secretaria de Cultura mantém uma comunicação constante com os proponentes e busca aprimorar o processo a cada edição”, destacou.
Apesar do reconhecimento, a produtora pontua haver desafios. “O PMIC ainda é muito burocrático, especialmente nas prestações de contas e readequações. Quando comparamos com leis como a Aldir Blanc ou a Paulo Gustavo, vemos que elas são mais leves e desburocratizadas. O PMIC é um programa fundamental, mas precisa ser modernizado”, afirmou.
Ela também defende mais recursos para o edital. “A cada ano cresce o número de inscrições, mas o valor destinado permanece o mesmo. O programa é incrível, forma profissionais e movimenta a cultura local, só precisa de mais investimento e menos burocracia para alcançar ainda mais artistas”, disse.
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Oficina educativa
O Flutua Educa foi um projeto de longa duração do coletivo Flutua e ele consistiu em 4 oficinas, uma instalação inflável e um catálogo contando como foi todo o processo. Também ocorreram outras atividades realizadas ao longo da existência do coletivo com o foco no público infantil e nos materiais de reúso.
“A essência desse trabalho está no alinhamento de ideais que perpassam por questões arquitetônicas, sociais e como ao se colocar à disposição da escola e todos os sujeitos que trabalham, ocupam e formam esse espaço foi possível uma troca e a construção de um imaginário para outra cidade possível. O projeto todo foi criado colaborativamente entre o coletivo e professores”, disse Raisa Maria Gomes, uma das responsáveis pelo projeto.
O coletivo já realizou dois projetos com apoio do PMIC e compôs um terceiro projeto para 2026. “Ao longo dos anos as dificuldades foram sendo superadas, houve aprendizados quanto a organização de cronogramas, e serviços a serem feitos e como remunerá-los e valorizá-los de forma justa”, finalizou Raisa Maria.
R$ 6,6 milhões anuais desde 2021
Criado para fortalecer a cultura local e aproximar artistas da população, o Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) se faz o principal instrumento de fomento cultural de Uberlândia. Por meio dele, artistas, produtores e agentes culturais conseguem tirar do papel projetos nas áreas de música, teatro, audiovisual, literatura e artes visuais, com recursos vindos do Fundo Municipal de Cultura ou do incentivo fiscal.
Desde 2020, quando destinou R$ 5,6 milhões a 112 iniciativas, o programa vem crescendo e ampliando seu alcance. Em 2021, o investimento anual passou para R$ 6,6 milhões — um aumento de cerca de 17% —, garantindo o apoio a 127 projetos naquele ano, 111 em 2022, 98 em 2023 e 111 em 2024.
Segundo a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Uberlândia, os números revelam o impacto dessa política pública: R$ 32 milhões investidos em 559 projetos culturais nos últimos cinco anos.
O dado faz parte do Guia Prático do PMIC 2025, lançado em 30 de julho de 2025, que mostra a trajetória de um programa que nasceu pequeno, com R$ 600 mil em 2005, e hoje movimenta R$ 6,6 milhões por ano, transformando ideias em espetáculos, exposições, livros, filmes e sonhos realizados.