Bailarino uberabense embarca para os EUA após ser aprovado para cursar dança com bolsa integral

Vithor Laguardia, de 20 anos, chegou em território americano nesta quarta-feira (3) para estudar dança na Universidade de Oklahoma

, em Uberlândia

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Vithor Ricardo Laguardia, uberabense de 20 anos, chegou nesta quarta-feira (3) nos Estados Unidos, onde irá cursar bacharelado em Dança na Universidade de Oklahoma. O jovem recebeu uma bolsa de R$ 700 mil, que cobre as mensalidades do curso, após o Diretor Geral da Faculdade de Dança de Oklahoma se interessar pelo seu talento.

Contudo, a família promove uma vaquinha para auxiliar nos gastos, já que custos como alimentação e demais despesas não serão financiadas pela universidade. Ao Paranaíba Mais, o jovem contou um pouco sobre o sonho e a trajetória que o levou aos EUA. 

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Bailarino uberabense ensaiando para um espetáculo
Vithor Ricardo Laguardia se formou aos 15 anos no ensino médio e, aos 20, é dançarino profissional – Redes Sociais

Diagnosticado na infância com altas habilidades e dislexia, o bailarino uberabense encontrou na dança uma forma de se expressar e lidar com suas particularidades.

O primeiro contato com dança foi aos 12 anos, ao ingressar na Escola Bolshoi de dança, a maior do Brasil e da América Latina. Com facilidade em tocar vários instrumentos musicais, a arte o acompanha desde seus primeiros anos de idade, já que, por dificuldades financeiras, ele e sua família já viveram em um circo. 

Quebrando fronteiras: Bacharelado em Dança na Universidade de Oklahoma 

Foi durante uma visita à Escola Bolshoi, onde Vithor estudava em Joinville, que o Diretor Geral da Faculdade de Dança de Oklahoma se interessou por seu talento.

Dançarino especializado em dança clássica, o bailarino uberabense recebeu uma oferta para estudar na universidade estadunidense com bolsa integral, de aproximadamente R$ 700 mil, que irá cobrir toda a sua mensalidade. Além da bolsa, a instituição tem se esforçado para garantir a estadia de Laguardia, e promete oferecer um alojamento. 

Vithor conta que esta oportunidade, além de um grande aprendizado, o conforta porque faz com que seu sonho fique ainda mais próximo de ser realizado: viver da dança.

“O plano ‘A’ realmente é seguir dançando como bailarino, mas ainda bem que tive essa oportunidade, porque agora tenho um plano ‘B’ também, que é ser professor. Então, talvez, quem sabe, eu volte para o Brasil depois, abra uma escola de dança ou participe de alguma como professor. Agora consigo ter um pouco mais segurança sobre o meu futuro”, contou.

Para efetivar a ida para a Universidade, além da indicação do diretor artístico, Vithor passou por testes de inglês, aptidão musical e física, e uma avaliação de suas notas. Processo que não foi difícil, já que, além de atleta e de tocar vários instrumentos, aos 20 anos o bailarino uberabense já é formado em Biomedicina e completou o ensino médio com  15 anos.

Depois do processo seletivo, passou pela parte burocrática e ficou aliviado ao ter o visto aprovado pelos Estados Unidos. 

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Uberaba, o circo e a importância da arte

Vithor explica que, ainda que tenha morado em vários bairros de Uberaba e de ter estudado em algumas escolas da cidade, por problemas financeiros, precisou se mudar ainda criança.

“A minha família nunca teve muitas condições financeiras. A gente teve muitas dificuldades, então, em algum período, tivemos que nos abrigar em um circo da cidade (Uberaba). Mas ali pude desenvolver um pouco do meu lado artístico. Também fui bolsista em um colégio, e tive várias disciplinas ligadas à arte e algumas aulas circenses, como malabares”, disse.

Após viver com o circo, o bailarino uberabense se mudou para Macapá, onde começou a entender um pouco melhor algumas dificuldades que enfrentava na escola e em alguns processos de aprendizado.

No norte do país, foi diagnosticado com dislexia e altas habilidades, algo que, de início, comprometia seu desempenho acadêmico e a sua convivência em sala de aula.  Foi através da arte, que conseguiu entender seus próprios processos de aprendizagem e a como lidar com suas particularidades.

“Aí consegui desenvolver meu lado artístico, abri um pouco a minha mente para encontrar um método que funcionasse para eu aprender também as disciplinas tradicionais, nas quais eu tinha bastante dificuldade. Quando me encontrei na arte e passei a entender melhor como funcionava a minha mente e meu processo de aprendizado, consegui me libertar um pouco das amarras da dislexia e acelerar o meu processo educacional”, relatou. 

Vithor Morais
Vithor Ricardo Laguardia de Morais. Ingressou na Escola Bolshoi em 2018 – Crédito: Reprodução/ Instagram/ @vithor_lg

Um sonho e os caminhos para torná-lo possível

Para Vithor, viver da dança e poder ir para fora do país dançar sempre foi um sonho.   “Eu acredito que é na dança que me encontro. Fui uma criança muito tímida, e ter esse contato com a dança me permitiu me expressar de uma maneira que eu nem sabia ser possível. Por meio dos passos e saltos, consigo colocar para fora um pouco de mim de um jeito que antes não conseguia. Já não me imagino desvinculado da dança, faz parte de quem eu sou”, afirmou 

O sonho do uberabense também é, antes de tudo, um sonho coletivo. Durante a entrevista, Vithor deixou claro a importância dos pais durante toda a jornada e nas conquistas. A mãe, que se mudou várias vezes até encontrar uma educação melhor para seu filho, foi quem o fez entrar em contato com a arte e com a dança.

Uma prova de que, por mais alto que seja seus pulos, ele sempre terá um lugar para voltar: “minha mãe sempre me deu apoio, priorizou a minha educação em primeiro lugar. Ela buscava uma forma de me ajudar a me desenvolver. Acreditou em mim e me colocou em atividades que me trouxeram até aqui”. 

Ainda que tenha contado com esse apoio, hoje ele e a família também buscam a ajuda de amigos e pessoas que somem a sua história. Eles contam com uma vaquinha online, para auxiliá-lo nos custos não cobertos pela Universidade. Um dinheiro para ele se alimentar, sobreviver e dar a continuidade neste sonho que, com certeza, terminará em um espetáculo.