Sudeste lidera ranking das regiões onde mulheres mais adiam maternidade
Tendência de postergar a gravidez e reduzir o número de filhos ganha força na região, mas é escolha nacional segundo pesquisa do IBGE
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O Sudeste é a região onde mulheres mais adiam maternidade e têm o menor número de filhos, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa escolha acompanha uma tendência cada vez mais comum entre as mulheres do Brasil. A pesquisa revela mudanças importantes nos padrões de fecundidade na região, a idade média das mulheres ao ter filhos subiu de 26,5 anos em 2000 para 28,7 em 2022, o maior avanço entre todas as regiões do país.
Ao mesmo tempo, o número médio de filhos por mulher caiu de forma significativa. O retrato atual mostra que fatores como escolaridade, inserção no mercado de trabalho e acesso a métodos contraceptivos têm influenciado fortemente essa transformação no perfil reprodutivo.
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A queda da fecundidade no Sudeste acompanha a tendência nacional, onde a taxa de fecundidade total recuou para 1,55 filho por mulher, abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,1. No Sudeste, o número é ainda menor: em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a média de filhos chega a apenas 2 ou menos entre mulheres de 50 a 59 anos, grupo que já passou por todo o período fértil. O Rio, inclusive, tem a menor média do país, com 1,8 filho por mulher.
Essa transformação é ainda mais evidente entre as mulheres com maior nível de instrução. No Brasil, aquelas com ensino superior completo têm em média 1,19 filho, enquanto as sem instrução ou com fundamental incompleto têm 2,01 filhos, diferença de mais de 40%. Além disso, as mulheres mais escolarizadas tendem a adiar a maternidade: no grupo com ensino superior, a idade média da fecundidade chega a 30,7 anos, enquanto entre as menos instruídas é de 26,7 anos.
As mulheres brancas, grupo predominante no Sudeste, também registram os maiores índices de fecundidade tardia. Em 2022, a idade média para ter filhos foi de 29 anos, frente a 27,8 para pretas e 27,6 para pardas. Esse dado está alinhado a outras transformações sociais e culturais, como o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho e o planejamento reprodutivo mais consciente, mostra a pesquisa do IBGE.
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No recorte por religião, as mulheres espíritas, grupo mais presente em estados como São Paulo, apresentaram o comportamento mais tardio. O pico de fecundidade se concentra na faixa dos 30 a 34 anos. Já entre as mulheres evangélicas, a fecundidade segue como a única acima da média nacional, com 1,74 filho por mulher, reforçando o impacto que valores religiosos também exercem nas escolhas sobre ter filhos.
Esses dados reforçam que o Brasil, especialmente o Sudeste, está em meio a uma profunda transição demográfica. Se no passado era comum que mulheres tivessem filhos antes dos 25 e em maior número, hoje a realidade é outra: maternidade mais tardia, menos filhos e decisões cada vez mais influenciadas por escolaridade, autonomia e oportunidades.