A vida não se resolve com palavras
A difícil missão de contrariar João Cabral de Melo Neto
Para acabar com a fome, comida e empatia. Para sede, água e conhecimento. A vida não se resolve com palavras. João Cabral de Melo Neto tem razão. Mas sem palavras não tem começo, não tem início, não tem ponto de partida. É preciso começar.

Para começar, coragem. Para coragem, um pouco de sagacidade e vontade. Mas vontade só não basta, tem que ter atitude.
Atitude é coisa rápida, de lampejo, de querer. Para juntar atitude e fazer o troço acontecer, voltamos ao primeiro passo. E andar sozinho não é fácil, não é nada fácil. Para aprender, estudar. E estudar, estudar, estudar.
Estudar é bom, mas não é tudo. Aprendizado se multiplica quando a gente divide. Um pouquinho do que sei pra um, tiquinho pro outro. Compartilhando. Para compartilhar, humildade.
Para humildade, pancada da vida quando a gente começou sozinho lá no início e sabedoria para continuar aprendendo. E humildade não é exercício pra qualquer um. Só os sábios, só os fortes. E os aprendizes de sábios e aprendizes de fortes.
A vida não se resolve com palavras. Não se resolve mesmo. Mas ajuuuuuuda. Como ajuda!
Falar sozinho não é conversar. Conversar é de dois pra diante. E as palavras ganham vida própria, independência. Uma a uma, lado a lado, aí a frase faz sentido.
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Para pensar, silêncio e oração. Para orar, maturidade e fé. Fé não se explica. Ou tem ou não tem. Já não tive. O tempo me maturou e me ensinou que sem ela não se anda.
Para andar, companhia. Porque sozinho, já disse, não é fácil. Não é nada fácil. A companhia ensina que a vida não se resolve com palavras.
Precisa de um bocado de outras coisas. Mas palavra é começo de tudo.
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Para uma porrada, um porre. Para delirar, um ácido. Para uma queda, um empurrão. Para sair do abismo, uma mão estendida. E para cada dia, uma lição nova. Não é pra ser poético. É pra ser lido sem dificuldade. E relido.
Para trás de uma orelha, uma pulga. Que incomoda e faz a gente se movimentar. Inquietude. Combustível bom. Para fazer, acontecer. Para limite, transgressão. Para o outro, eu. Para mim, o outro.
A vida não se resolve com palavras. Não se resolve mesmo. Para recomeçar, uma palavra.