Joás Andrade

Transformação digital, inteligência artificial, segurança e inovação estão no centro dessa conversa

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5G ao vivo: transmissões sem satélite e o futuro da produção de conteúdo

O 5G inaugura uma nova era para transmissões ao vivo, reduzindo custos, eliminando satélites e criando possibilidades inéditas para o jornalismo, o esporte e a mídia regional

, em Uberlândia

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Durante décadas, transmitir um grande evento ao vivo significava montar uma verdadeira operação de guerra. Caminhões de link, antenas parabólicas, equipe técnica numerosa e, sobretudo, o aluguel de espaço em satélites, que possuem um custo altíssimo que muitas vezes inviabilizava produções menores. Esse modelo criou uma barreira de entrada: somente grandes emissoras, com forte poder financeiro, conseguiam realizar transmissões em larga escala.

O 5G começa a quebrar esse paradigma. Graças à sua capacidade de oferecer altíssima velocidade de transmissão, latência mínima e conexões estáveis, a tecnologia já permite enviar sinais de vídeo em qualidade de estúdio por meio de redes móveis. Em vez de depender de um satélite no espaço, basta conectar câmeras e equipamentos a uma rede 5G dedicada para transmitir com confiabilidade e qualidade comparável ou até superior.

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Nova tecnologia 5g
Jornalismo, esporte e entretenimento ganham novas formas de produção com o 5G – Crédito: Freepik

Uma das maiores dores das transmissões tradicionais via internet sempre foi o atraso (delay). No jornalismo ao vivo, repórteres precisavam esperar alguns segundos para receber perguntas do estúdio. No esporte, o torcedor acompanhava a jogada com atraso em relação ao rádio.

O 5G praticamente elimina esse problema. Estamos falando de latência na casa dos milissegundos, o que significa respostas imediatas e sincronização quase perfeita entre captação e transmissão.

Essa mudança técnica, por si só, transforma a experiência de quem assiste, mas também cria novas formas de narrar e interagir com o conteúdo.

Imagine uma transmissão de futebol em que o público escolhe, em tempo real, entre assistir ao ângulo da arquibancada, à câmera do banco de reservas ou até ao replay interativo em realidade aumentada. Isso não é ficção: com o 5G, essa personalização se torna viável.

Impactos no jornalismo: mobilidade e democratização com o 5G ao vivo

Se antes era necessário deslocar unidades móveis para cobrir uma enchente, uma manifestação ou uma coletiva de imprensa, hoje uma pequena equipe com câmera 5G ou até mesmo um celular profissional pode entrar ao vivo com qualidade broadcast. Isso significa:

  • Mais agilidade: a emissora chega primeiro e transmite antes da concorrência.
  • Menor custo: não há dependência de aluguel de satélite nem de caminhões de transmissão.
  • Mais capilaridade: cidades médias e pequenas, antes esquecidas pelo alto custo de cobertura, podem entrar no mapa das transmissões ao vivo.

Emissoras regionais podem, pela primeira vez, competir em igualdade de condições com grandes redes na produção jornalística local. Isso fortalece a proximidade com a comunidade e amplia a relevância da cobertura regional.

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O impacto no esporte é ainda mais disruptivo. O 5G permite conectar dezenas de câmeras em um estádio sem necessidade de cabeamento pesado. As imagens podem ser enviadas diretamente para a nuvem, onde a edição ocorre de forma colaborativa e praticamente em tempo real.

Isso abre caminho para experiências inéditas:

  • Transmissões personalizadas em que o espectador escolhe câmeras, gráficos e estatísticas.
  • Produções de baixo custo que viabilizam a cobertura de campeonatos regionais, esportes alternativos e eventos comunitários.
  • Conteúdos paralelos: bastidores, entrevistas exclusivas e até transmissões feitas pelos próprios atletas com dispositivos conectados em 5G.

No entretenimento, festivais e shows ganham nova dimensão. A transmissão não se limita mais ao palco principal: com o 5G, é possível oferecer ao público múltiplos pontos de vista, da visão do camarote ao olhar do fã na pista, criando experiências híbridas e imersivas.

Oportunidades para a mídia regional

Aqui está talvez o ponto mais estratégico para grupos de comunicação como o Paranaíba. O 5G nivela o jogo. Se antes apenas as grandes redes nacionais tinham condições de transmitir com qualidade de ponta, agora uma emissora regional pode cobrir um evento local com qualidade global.

Isso abre espaço para monetização via publicidade regional segmentada, parcerias com prefeituras e instituições, e até novos produtos digitais voltados para streaming local.

Em outras palavras, o 5G não é apenas tecnologia, é um modelo de negócios novo para emissoras locais que souberem se reposicionar.

Celular com aplicativos na tela
Com o 5G, basta um smartphone para entrar ao vivo em qualidade de estúdio – Crédito: Kauê Altrão/ Arquivo

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Claro, essa revolução não vem sem obstáculos. Entre eles:

  • Cobertura desigual: o 5G ainda está concentrado em grandes centros, e regiões menores podem demorar a ser atendidas.
  • Investimento em infraestrutura: redes privadas 5G, necessárias para transmissões de alto nível, exigem parceria com operadoras e custos iniciais relevantes.
  • Segurança digital: transmissões ao vivo via redes móveis precisam de protocolos rígidos de criptografia para evitar interceptações ou ataques.
  • Mudança cultural: equipes técnicas e jornalísticas precisarão se adaptar a novas ferramentas, fluxos de trabalho e formas de contar histórias.

Fechamento

Estamos vivendo um ponto de inflexão na comunicação ao vivo. O 5G não substitui apenas o satélite: ele transforma toda a cadeia de produção, reduz custos, democratiza o acesso e abre espaço para experiências totalmente novas.

Para quem está no comando de um grupo de mídia, o desafio é estratégico: investir cedo, testar modelos e preparar equipes para explorar ao máximo essa tecnologia.

O 5G não é apenas uma conexão mais rápida, ele é a chave que tira o ao vivo do espaço e o coloca no bolso de quem sabe transformar velocidade em valor.