Vice-prefeito de Uberlândia é acusado de racismo; vereadores pedem a cassação dele
Esse é o segundo pedido de cassação do mandato de Vanderlei Pelizer (PL) em menos de seis meses; a denúncia partiu de um vídeo publicado por ele nas redes sociais
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Os vereadores Professor Ronaldo Amélio e Dr. Igino Marcos, ambos do PT, apresentaram uma nova denúncia contra o vice-prefeito de Uberlândia, Vanderlei Pelizer (PL), desta vez apontando que Pelizer teria cometido o crime de racismo estando no exercício do mandato eletivo.
A denúncia é baseada em um vídeo publicado por Pelizer nas redes sociais. O vídeo mostra o vice interpelando alunos e professores durante uma exposição artística sobre o racismo realizada dentro do Centro Administrativo Municipal.
Pelizer, chegou a gravar uma aluna negra recitando um poema sobre identidade racial e depois aparece criticando o tema da exposição, mencionando que os alunos foram constrangidos a falar sobre o assunto. Em outro trecho o vice-prefeito questiona uma professora sobre o conceito de “empoderamento” e depois contesta a resposta atribuída pela educadora.

O vice-prefeito de Uberlândia também afirmou que integra um “governo de direita” e que iria tratar do assunto com o prefeito Paulo Sérgio e a Secretária de Educação, Tânia Toledo. Até o momento, o prefeito não comentou o assunto publicamente. Procurada, a prefeitura de Uberlândia ainda não se manifestou também.
Em nota, Pelizer disse que “há um grupo que não aceita o livre debate, não suporta opinião divergente e tenta silenciar quem pensa diferente. Para eles, quem discorda deve ser eliminado do debate público — uma postura que afronta diretamente o maior princípio democrático: a liberdade de expressão e o confronto saudável de ideias.”
A denúncia deverá ser lida no plenário da Câmara Municipal de Uberlândia na primeira sessão de dezembro, quando o legislativo retoma as sessões plenárias. Essa não é a primeira vez que Vanderlei Pelizer sofre um pedido de cassação do mandato na Câmara Municipal.
Em junho o vice-prefeito teve o mandato questionado após participar de uma agenda internacional. Ele e outras autoridades brasileiras foram a Israel em uma missão especial a convite do governo israelense. Com a escalada do conflito entre Irã e Israel, o político não voltou ao Brasil na primeira oportunidade que lhe foi oferecida. O pedido foi rejeitado pela maioria dos vereadores logo no recebimento.
Rito da cassação
Por lei, um pedido de cassação de vereador pode ser feito por qualquer eleitor. Tão logo o presidente da Câmara tome conhecimento da denúncia, ele deve determinar a imediata leitura e consultar o plenário sobre seu recebimento. Caso a maioria do plenário decida pelo recebimento, deve ser formada uma Comissão Processante composta por três vereadores. Essa comissão notifica formalmente o denunciado para que apresente defesa dentro de dez dias.
Na sequência, ela emite um parecer. Caso opte pelo arquivamento do pedido, o parecer deve ser submetido ao plenário. Se a sugestão for pelo prosseguimento, começa a fase de instrução, que vai colher o depoimento do denunciado e de testemunhas. Ao final, a decisão do plenário pela cassação do mandato deve ser pelo voto favorável de dois terços dos membros do legislativo, no mínimo.
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O que diz o vice-prefeito de Uberlândia
Leia abaixo a íntegra da nota de Vanderlei Pelizer enviada ao Paranaíba Mais:
“Diante da recente tentativa de politizar opiniões e transformar divergências democráticas em ataques pessoais, o vice-prefeito Vanderlei Pelizer vem a público afirmar que:
Carrego com orgulho os ensinamento das professoras e professores que contribuíram para minha formação. Sou apaixonado pela educação e pela nobre missão de ensinar — missão esta que sempre defendi com firmeza. Não por acaso, sou um apoiador convicto dos colégios cívico-militares, onde o professor é respeitado, valorizado e protegido, tendo ao seu lado a segurança necessária contra alunos que, infelizmente, já não respeitam mais a autoridade do educador.
Todavia, como vice-prefeito reafirmo: sou totalmente contra aqueles que, em vez de ensinar, tentam doutrinar crianças com pautas comunistas, ideologias de esquerda ou agendas político-partidárias. Professor tem que ensinar sua matéria, preparar o aluno para a vida, formar cidadãos, e não transformar sala de aula em palanque ideológico e político.
É contra esse tipo de atuação, que desvirtua a essência da educação, que tenho me levantado — sempre de forma clara, aberta e dentro do direito constitucional de crítica e opinião. Isso se chama democracia.
Por isso, mais um pedido de cassação movido contra minha pessoa apenas confirma aquilo que a população já percebe: há um grupo que não aceita o livre debate, não suporta opinião divergente e tenta silenciar quem pensa diferente. Para eles, quem discorda deve ser eliminado do debate público — uma postura que afronta diretamente o maior princípio democrático: a liberdade de expressão e o confronto saudável de ideias.
Reforço que seguirei firme, com a consciência tranquila e o compromisso intocável com Uberlândia, com a educação de verdade e com a defesa da democracia — aquela que existe para todos, não apenas para quem pensa igual.”