Primeiro mês de Paulo Sérgio: Odelmo turbinado?
Com ações semelhantes ao do antecessor, Paulo Sérgio não deixa de colocar suas digitais e mostrar a cara da nova gestão
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Concluído o primeiro mês da gestão de Paulo Sérgio Ferreira (PP) a frente da prefeitura de Uberlândia já é possível fazer um panorama desses primeiros dias de governo.
O prefeito começou cumprindo uma de suas mais faladas promessas de campanha: o passe livre para estudantes. Durante as eleições, o então candidato teve dificuldades de penetração no eleitorado mais jovem que estava afiançando apoio, em sua maioria, para a adversária Dandara (PT). No meio da campanha Paulo Sérgio então sacou do bolso a proposta de zerar a tarifa do vale-transporte estudantil e logo nos primeiros dias de mandato fez questão de enviar o projeto de lei para a Câmara.
A proposta, claro, foi aprovada pela unanimidade dos vereadores e no final todo mundo saiu no lucro, até mesmo os parlamentares oposicionistas deram um jeito de tirar vantagem política do benefício. Ponto para o novo prefeito.

Títulos habitacionais
A segunda marcação da prefeitura foi no anúncio da regularização fundiária de diversos imóveis que estão em assentamentos da cidade. A prefeitura vai entregar, em parceria com o Governo de Minas, os títulos para os assentados. Outro movimento político extremamente relevante já que o grupo de Paulo Sérgio, formado por empresários e ruralistas, historicamente, sempre foi um antagonista das invasões de terras para fins de moradia popular ou reforma agrária.
Paulo Sérgio e o Samu
Paulo Sérgio também surpreendeu durante a posse da nova diretora da AMVAP, em Cachoeira Dourada, quando anunciou a intenção de implantar o Samu na cidade. Contrariando diversos discursos da campanha, o prefeito disse que autorizou os estudos mas que não prende desmobilizar o Siate, que é uma espécie de Samu local criado pelo ex-prefeito Odelmo Leão em parceria com o Corpo de Bombeiros.
A surpresa se deu porque durante as eleições Paulo Sérgio foi um crítico contundente do modelo de serviço médico de urgência criado pelo Governo Federal. Chegou a usar o espaço de rádio e televisão que tinha para enaltecer o modelo criado pelo município, defendendo que o Siate era mais eficaz. Mas cercado de prefeitos da região e de deputados que o apoiaram na campanha e contam agora com o apoio também dos políticos da região, Paulo Sérgio defendeu a hipótese do Samu. Para a população, foi mais um saldo político positivo colhido por Paulo Sérgio já que boa parte das pessoas enxergava a briga do Samu de natureza eleitoral.
Alerta de emergência
Não é segredo que o grande desafio para qualquer gestor de Uberlândia é resolver o problema da avenida Rondon Pacheco. Custa caro e não é nada simples já que diversas iniciativas já adotadas, até agora, não impediram que tragédias acontecessem na principal via da cidade.
Vendo isso e sem perder o ritmo do primeiro mês de governo, Paulo Sérgio lançou o sistema de alerta de emergência da Defesa Civil. Era uma coisa simples, que estava fácil de se viabilizar em parceria com o Governo de Minas e que pode contribuir para diminuir a intensidade de tragédias climáticas.
Esse ponto foi marcado, principalmente pela comunicação do governo que lançou a demonstração do alerta na hora do almoço, ao vivo para todas as emissoras de TV que estavam no ar com a programação local naquele momento. Foi o assunto mais comentado do dia, já que boa parte da população recebeu o alerta no celular e viu, pela TV, do que se tratava aquela inovação.
Alertas de governo
O novo governo tem se aproveitado de uma ótima relação com a Câmara, o que é super comum no início de qualquer gestão, o que vai demandar de esforço é manter essa sintonia, azeitando os interesses dos parlamentares com as necessidades do governo.
De negativo, Paulo Sérgio derrapou ao criar uma pasta e depois desistir pois o secretário indicado não quis mais participar. Era a Secretaria de Defesa do Consumidor e Bem-Estar Animal, criada para acomodar o vereador Abatênio Marquez do partido do prefeito. O problema foi que o parlamentar desistiu e resolveu permanecer na Câmara. Paulo Sérgio, ao invés de nomear outro nome, simplesmente abandou a pasta, causando frustração entre os protetores de animais e evidenciando que o movimento era apenas político.
O prefeito ainda vai ter que carregar o peso do aumento da planta de valores da cidade, que vai aumentar o IPTU. Apesar de já ter se antecipado em tentar esclarecer para a população o que aconteceu e que a história toda começou na gestão anterior, a dificuldade ainda está por vir quando a população receber os carnês com o reajuste e tiver que colocar a mão no bolso.
Com boa parte do secretariado formado pelas mesmas pessoas da gestão anterior, a administração de Paulo Sérgio até aqui parece mesmo um governo Odelmo turbinado. Mantém a linha da administração do padrinho político, mas não deixa de colocar suas digitais e marcar presença. Falando nisso, este é outro viés diferente entre Odelmo e Paulo Sérgio. Seja porque ainda está com muita energia, seja por ser mesmo o seu perfil; o novo prefeito está em todos os lugares em que é convidado. Coloca a cara para fora e faz questão de levar a tiracolo boa parte de seus secretários. A dúvida agora é saber se o governo vai conseguir manter esse fôlego até o fim do mandato e se as contas públicas vão suportar todas essas iniciativas da gestão.