Resgatada em Minas, veado-catingueiro Juniper passa por transição alimentar e ainda não poderá ser solta na natureza
O animal ainda irá passar por uma readaptação na fazenda do Hospital Veterinário da UFU antes da possibilidade de soltura
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Juniper, o filhote de veado-catingueiro que foi resgatado no Prata, no Triângulo Mineiro, e se recupera no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV/UFU), está bem e passa pela transição alimentar de líquido para sólido. A informação foi repassada pela coordenadora do setor de animais silvestres do hospital, Thaís Silva, ao Paranaíba Mais nesta terça-feira (10).
A coordenadora explicou que, apesar do avanço, a fêmea ainda não poderá ser solta na natureza por não ter alcançado a idade adulta ainda. A Juniper, que é de uma espécie típica do Cerrado e ameaçada de extinção, está com cerca de cinco a seis meses, e deixa de ser filhote quando atinge a maturidade sexual, que acontece por volta de 16 a 20 meses de vida.
O animal foi resgatado por militares da Polícia de Meio Ambiente em uma fazenda às margens da MGC-497, em abril. O proprietário da fazenda encontrou Juniper sozinha, faminta e desorientada. Os policiais suspeitam que a mãe do veado-catingueiro tenha sido vítima de caçadores ilegais, prática proibida por lei e que pode gerar penas severas.

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Processo de readaptação
A coordenadora do setor de animais silvestres explicou que o tempo de adaptação da alimentação depende como o animal vai se comportar. O veado-catingueiro Juniper ainda é alimentada manualmente com mamadeiras e agora com frutas sólidas – por isso, ela ainda possui muito contato com seres humanos, mas isso irá mudar na readaptação.
O processo terá início quando o veado-catingueiro conseguir se alimentar apenas de comidas sólidas, mas não é possível ainda estimar quando isso vai acontecer, porque depende de cada animal. “Além disso, a gente tem que fazer as avaliações de tamanho do animal. Se ele está ganhando peso, está crescendo tudo direitinho. É igual uma criança mesmo”, comentou Thaís Silva.
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Quando Juniper atingir essa fase, ela será realocada para a fazenda do HV-UFU, que fica no Campus Glória, em Uberlândia. Lá, ela poderá ter menos interação humana e voltar ao instinto selvagem. A readaptação a deixará mais próxima da possibilidade de soltura na natureza. “O tempo depende de cada animal. Então, ela ainda está na transição, não tem como precisar se daqui uma semana ela já vai tá comendo só alimentos sólidos”, disse a coordenadora.
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Caça ilegal e espécie ameaçada
O veado-catingueiro (Mazama Gouazoubira) integra a lista internacional de espécies ameaçadas de extinção. De hábitos discretos e difíceis de avistar na natureza, ele desempenha um papel fundamental no equilíbrio ecológico do Cerrado brasileiro. A caça, o desmatamento e a fragmentação de habitat são as principais ameaças à sobrevivência da espécie.
A legislação ambiental brasileira é clara e rígida quanto à proteção da fauna silvestre. De acordo com o Artigo 29 da Lei 9.605/98, matar, perseguir, caçar ou manter animais silvestres em cativeiro sem autorização pode resultar em detenção de seis meses a um ano, além de multas que ultrapassam R$ 20 mil no caso de espécies ameaçadas.
O animal é uma espécie discreta, de difícil avistamento e essencial para o equilíbrio ecológico do Cerrado. A destruição do habitat e a caça clandestina são os principais fatores que colocam sua sobrevivência em risco.