Onça-pintada que matou homem no MS é capturada em operação no Pantanal
Animal de 94 kg estava debilitado e foi levado para reabilitação; caso reacende alerta sobre aumento dos conflitos entre humanos e felinos no bioma
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Uma onça-pintada macho, com aproximadamente 94 quilos, foi capturada na madrugada desta quarta-feira (23) por uma força-tarefa no Pantanal sul-mato-grossense. O felino é apontado como o responsável pela morte do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, atacado às margens do rio Miranda, próximo ao pesqueiro Touro Morto, em Aquidauana (MS), no último dia 21 de abril.
A operação de resgate envolveu sete pessoas – entre policiais militares ambientais, guias locais e o pesquisador Gedienson Araújo – e durou mais de 24 horas. A região onde ocorreu o ataque é de difícil acesso e estava alagada, o que dificultou ainda mais o deslocamento das equipes.

Após a captura, a onça recebeu os primeiros cuidados veterinários ainda no local. Foram aplicados sensores para monitoramento cardíaco e de temperatura, além de um acesso venoso para eventual administração de anestésicos. Segundo Araújo, o animal estava visivelmente magro e pode ter apresentado comportamento atípico por conta da fome.
“Vamos levá-lo a um centro de reabilitação para entender melhor o que pode ter provocado o ataque. É possível que a escassez de presas tenha influenciado”, comentou o pesquisador.
Risco crescente de conflitos com grandes felinos
A morte de Jorge Ávalo repercutiu nacionalmente e acendeu o alerta de especialistas sobre o aumento dos conflitos entre humanos e animais selvagens, especialmente no bioma Pantanal, onde a presença de grandes predadores como a onça-pintada é natural.
Segundo o professor André Quagliatto, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e presidente da ONG PAS DO BRASIL, a interação entre turistas e onças pode alterar o comportamento dos animais. Há registros de pessoas que deixam restos de alimentos ou peixes nas margens dos rios para atrair felinos, prática condenada por especialistas.
“Essas atitudes condicionam os animais a procurar alimento fácil, e com isso eles se aproximam de áreas ocupadas por humanos. Quando associam essas áreas à comida, o risco de ataques aumenta”, alerta Quagliatto.
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Conscientização é essencial para reduzir riscos
Para especialistas, é urgente implementar políticas de educação ambiental voltadas à preservação das áreas naturais e à redução dos encontros com grandes predadores. Reconhecer que a onça está perdendo espaço e que necessita de território amplo para viver é o primeiro passo para uma convivência segura.
Algumas recomendações incluem manter distância em caso de avistamento, não tentar alimentar ou espantar o animal, manter luzes externas acesas e acionar autoridades ambientais quando necessário.
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Existe risco no Triângulo Mineiro?
Apesar do caso ocorrido no Mato Grosso do Sul, internautas questionaram se há risco semelhante no Triângulo Mineiro. Segundo Quagliatto, não há registros de ataques de onças-pintadas contra humanos na região, embora o felino possa ser visto em áreas de mata fechada.
“O comportamento natural da onça é evitar o contato humano. O que muda isso é justamente a interferência direta no habitat dela”, afirma o professor.