Onça à vista: vídeos de encontros com o animal reacendem debate ambiental após ataque no Pantanal
Após a morte de um caseiro no Mato Grosso do Sul, registros de onças em áreas próximas a humanos viralizam e trazem a tona discussões e memes sobre preservação, comportamento animal e ocupação humana
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Após o ataque que resultou na morte de Jorge Ávalo, de 60 anos, caseiro de uma propriedade rural às margens do rio Miranda, no Pantanal sul-mato-grossense, o assunto tomou conta das redes sociais e mobilizou especialistas, autoridades e ambientalistas.

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A recente captura da onça-pintada no Pantanal sul-mato-grossense na madrugada desta quarta-feira (23), reacendeu o debate nas redes sociais sobre a relação entre humanos e animais silvestres em áreas de conflito e vídeos de humanos próximos ao animal vieram a tona. A onça de aproximadamente 94 quilos é apontada como a responsável pela morte do caseiro no último domingo (21), às margens do rio Miranda, próximo ao pesqueiro Touro Morto, em Aquidauana.
Internautas reagem com humor e preocupação
O caso provocou comoção, mas também levantou um novo olhar sobre a responsabilidade humana em episódios como este. Nas redes sociais, a morte da onça dividiu opiniões: enquanto alguns exigiam a retirada do animal do local, outros lamentavam o destino do felino e cobravam mais proteção ao seu habitat natural. Memes com tom de crítica e humor circularam rapidamente, como um em que a onça aparece com uma toalha no rosto “para não ser identificada e sofrer hate na internet”. A ironia, no entanto, escancara uma realidade complexa: a presença crescente de humanos em áreas silvestres tem consequências.
Sinto muito pelo que aconteceu com o senhor que foi atacado por uma onça, mas é sem fundamento alguns comentários de pessoas querendo matar esses animais. pic.twitter.com/LV0E9q6Vbb
— NAHS (@natalybaldoni) April 22, 2025
acordei e tem gente querendo matar uma onça por ser onça pic.twitter.com/pEqxG203Lz
— Paciente 0 do Pimenta (@sum1da_) April 23, 2025
O fascínio arriscado pela vida selvagem
O caso recente lembra encontros recentes com o animal. O cantor Leonardo, por exemplo, viralizou ao publicar um vídeo em que observa uma onça-pintada repousando sob uma árvore durante uma viagem ao Pantanal.
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Encontros que viram alerta
Segundo o professor André Quagliatto, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e presidente da ONG PAS DO BRASIL, o comportamento das onças está mudando por influência da ação humana. “Por natureza, a onça foge do ser humano, que é percebido como uma ameaça. O ataque só ocorre em situações extremas, como defesa de filhotes, alimento ou território. Mas com a invasão do seu espaço e até a prática irresponsável de oferecer alimentos, há uma alteração preocupante no comportamento desses animais”, alerta.
Estudos do Instituto Onça-Pintada apontam que, entre os grandes felinos, a onça-pintada é a que menos ataca humanos. “A onça não vê o ser humano como presa natural”, explica a entidade, reforçando que o maior risco está na intensificação da convivência forçada em regiões onde o desmatamento, a expansão agropecuária e o turismo descontrolado pressionam o ecossistema local.
A crescente presença desses animais em áreas antes ocupadas apenas pela fauna selvagem é um reflexo direto da perda de habitat. Vídeos que antes causavam espanto agora se tornam recorrentes. Quagliatto ainda afirma que para que esses encontros não terminem em tragédia — nem para os humanos, nem para os animais —, é preciso pensar em políticas públicas e em ações de conscientização que garantam a coexistência com responsabilidade.