O que explica a morte de mais de 700 pinguins no litoral paulista?

Especialistas investigam a causa da morte dos animais, mas migração, fome e ação humana estão entre os possíveis fatores

, em Uberlândia

O litoral sul de São Paulo virou palco de um cenário intrigante para a ciência. Em apenas uma semana, mais de 700 Pinguins-de-Magalhães foram encontrados mortos em praias de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida. O número de pinguins no litoral paulista surpreende especialistas, que explicam que, embora casos assim façam parte da migração natural da espécie, a quantidade de animais sem vida levanta questionamentos sobre os impactos da falta de alimento, doenças e a interação com atividades humanas no oceano.

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pinguins no litoral paulista são encontrados mortos
Mais de 700 pinguins foram encontrados mortos no litoral paulista – Crédito: Ipec/Divulgação

Entre os dias 15 e 21 de agosto, equipes do Instituto de Pesquisas Cananéia (Ipec) registraram 739 pinguins mortos na região. A maioria dos animais estava em estágio avançado de decomposição, o que dificulta a análise detalhada das causas. “Entre as hipóteses estão o desgaste da migração, parasitoses, quadros infecciosos e a escassez de alimento”, informou o Ipec. Ilha Comprida, por exemplo, registrou 350 mortes em um único dia. Em Iguapé, foram 147 animais mortos na mesma semana. Apenas 19 pinguins foram resgatados com vida no município.

A presença desses animais no litoral brasileiro é comum nesta época do ano. Originários da Patagônia, eles percorrem longas distâncias em busca de águas mais quentes e alimento, mas nem todos resistem à jornada. Ainda assim, os números chamam atenção: em 2025, mais de 3,3 mil pinguins já foram encontrados mortos na costa do país, segundo o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).

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Apesar dos números, especialistas afirmam que a espécie não corre risco de extinção, já que a população estimada chega a 2 a 3 milhões de aves. O que preocupa, porém, são os fatores por trás dessas mortes, como mudanças climáticas, sobrepesca e poluição, que podem dificultar o acesso dos animais ao alimento e fragilizá-los para a longa viagem.

“O que vemos é um fenômeno esperado nesta época, mas cada vez mais influenciado por ações humanas”, explicou Emanuel Ferreira, gerente do PMP-BS. “A escassez de peixes e o desgaste da migração tornam muitos pinguins vulneráveis e incapazes de completar o trajeto”.

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Os animais encontrados mortos são encaminhados para necropsia, enquanto os vivos recebem cuidados veterinários com o objetivo de serem devolvidos ao mar.

Pinguim morto no litoral paulista // Pinguins no litoral paulista
Neste ano, mais de 3,3 mil pinguins já foram encontrados mortos na costa do Brasil – Crédito: Instituto Argonauta/Divulgação

Orientação a população

Se um pinguim debilitado for encontrado, especialistas pedem que ele não seja manipulado pela população. O ideal é acionar equipes técnicas pelos números (13) 3851-1779, 0800 642 3341 ou WhatsApp (13) 99691-7851.