Número de animais silvestres resgatados em Uberlândia dobra em 2025

Só nos primeiros cinco meses deste ano, foram 267 animais recolhidos, um salto de quase 90% em relação ao mesmo período de 2024, quando teve 140 registros

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O número de resgates de animais silvestres em Uberlândia aumentou drasticamente em 2025. Dados da Polícia Militar de Meio Ambiente (PM MAmb) mostram que, apenas entre janeiro e 10 de junho deste ano, foram 267 animais recolhidos no município, um salto de quase 90% em relação ao mesmo período de 2024, quando a estimativa era de cerca de 140. O crescimento acende um alerta sobre os impactos ambientais, a convivência urbana com a fauna nativa e a necessidade de medidas mais eficazes de conservação.

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animais silvestres em uberlândia
Tamanduá-bandeira é uma das espécies mais resgatadas em Uberlândia – Crédito: Freepik

No total da área de cobertura da PM MAmb de Uberlândia, que abrange os 35 municípios do Triângulo Mineiro e mais 13 do Alto Paranaíba, foram registrados 707 recolhimentos em todo o ano de 2024. Desse total, 326 animais foram resgatados apenas em Uberlândia.

Já em 2025, os números apontam uma tendência de alta. Somente no primeiro semestre, já foram 425 registros de resgate, que resultaram na captura de 525 animais em toda a área de cobertura. Em Uberlândia, os dados mostram que 267 animais silvestres já foram recolhidos até agora, o que representa quase 90% do total registrado em todo o ano passado na cidade.

Se o ritmo continuar, Uberlândia deve ultrapassar ainda neste ano o número total de resgates feitos em 2024, o que acende um alerta para os impactos do avanço urbano e das mudanças ambientais no comportamento da fauna silvestre.

Segundo o sargento Lucas de Paula Pereira, da Seção de Planejamento de Operações da PM MAmb da cidade, o aumento é preocupante. “No mesmo período do ano passado, a média era de 140 animais recolhidos. Esse ano, já foram 267. Isso representa um crescimento próximo de 90%, o que exige atenção das autoridades e da população”, afirma.

animais silvestres
O número de recolhimento de animais silvestres em Uberlândia, como a onça parda, chama a atenção das autoridades ambientais – Crédito: Internet/Divulgação

A maioria dos registros envolve animais encontrados fora de seu habitat natural, muitas vezes em áreas urbanas ou em situações de risco. O resgate é feito por meio de operações da Polícia Militar de Meio Ambiente ou do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG).

Informações da população ou ainda entregas voluntárias ajudam no recolhimento e resgate destes animais, que são encaminhados ao Laboratório de Ensino e Pesquisa de Animais Silvestres (Lapas) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para avaliação. Se apto, eles serão soltos na natureza e, se for o caso, encaminhados para empreendimentos de fauna devidamente autorizados.

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Alto Paranaíba

De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) de Patos de Minas recebeu, entre 2023 e o primeiro semestre de 2025, 2.136 animais foram encaminhados pela Polícia Militar de Meio Ambiente. Os atendimentos se dividem em 556 apreensões, 269 entregas voluntárias e 1.311 recolhimentos.

Tabela com dados
Dados de recolhimento de animais silvestres em Uberlândia, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba pela PM MAmb – Crédito: ChatGPT

O Cetras de Patos de Minas atua como centro de referência no acolhimento, tratamento e reabilitação da fauna silvestre, atendendo prioritariamente as regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas.

Arara Azul
O desmatamento é um dos fatores que têm deixado os animais sem habitat natural, como o caso da arara-azul – Crédito: Instituto Arara Azul/Divulgação

Além disso, dados do Corpo de Bombeiros mostram que os meses de março, abril e novembro costumam concentrar os maiores números de ocorrências relacionadas a animais silvestres no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba — uma sazonalidade que pode estar associada ao ciclo de reprodução das espécies, aumento do calor e queimadas.

O aumento nos resgates pode estar ligado ao avanço da ocupação urbana, desmatamentos, mudanças climáticas e falta de informação da população sobre como agir diante da presença de um animal silvestre. Os especialistas alertam: ao avistar um animal fora do seu habitat, a recomendação é não tentar capturá-lo. A orientação correta é acionar o Corpo de Bombeiros ou a Polícia de Meio Ambiente.