Uberlândia registra mortes de cavalos por suspeita de ração contaminada

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apura 18 mortes de cavalos em Uberlândia, que podem estar relacionadas ao consumo de rações produzidas pela Nutratta Nutrição Animal Ltda. Além de Uberlândia, há registros sob investigação em Guaranésia (8), Jequeri (8) e Mariana (7), todas em Minas Gerais.

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As ocorrências fazem parte de um quadro mais amplo, que já contabiliza oficialmente 222 mortes de equinos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Goiás e Minas Gerais. O caso mineiro confirmado até agora é de um animal, mas o número pode crescer com a apuração de denúncias ainda não formalizadas.

O que diz o Ministério

Segundo o Mapa, a primeira comunicação oficial sobre mortes de equinos foi feita no dia 26 de maio de 2025, por meio da Ouvidoria do órgão. Desde então, fiscais federais agropecuários visitaram propriedades, recolheram amostras e realizaram inspeções na unidade da Nutratta, que possui linha de produção voltada a equinos e ruminantes.

O ministério aponta irregularidades na produção e determinou a suspensão imediata da fabricação e da comercialização de todos os produtos da empresa. A Nutratta entrou na Justiça com mandado de segurança contra a medida, e o caso agora aguarda decisão judicial.

As mortes investigadas em Uberlândia e outras cidades da região apresentam padrão clínico semelhante, com quadros de insuficiência hepática e agravamento súbito, mesmo após a interrupção do uso da ração. Esse fator tem dificultado o rastreio exato da origem do problema.

O Mapa também alerta que a maioria das denúncias nas cidades mineiras ainda não foi formalizada via ouvidoria, o que é essencial para que as investigações avancem de forma oficial.

Posicionamento da empresa

A empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. afirmou, em nota, que tem atuado com cautela e responsabilidade desde os primeiros relatos de anormalidades envolvendo equinos. A companhia diz que optou por não se manifestar publicamente antes por respeito à gravidade do caso e para não emitir “alertas sem fundamentação técnica”.

“Sentimos profundamente a dor de cada criador e nos solidarizamos com genuína empatia pelo sofrimento que atravessa todo o setor”, diz a nota assinada pela equipe da Nutratta.

A fabricante afirmou que todas as medidas preventivas foram adotadas, como revisão de protocolos, suspensão de lotes e rastreabilidade da cadeia de suprimentos. A empresa informou também que colabora integralmente com o Ministério da Agricultura, que interditou sua fábrica preventivamente e coletou amostras para análise laboratorial, incluindo testes para monensina, clostridium e micotoxinas.

A Nutratta reforçou que suas linhas de rações para equinos e bovinos têm formulações e protocolos distintos, e que não há registro de problemas clínicos em produtos destinados à bovinocultura.

A empresa afirma que aguarda os laudos oficiais e que “segue comprometida com a transparência, a ética e o respeito à vida animal”. Um novo pronunciamento público será feito, segundo a nota, assim que houver definição técnica por parte do Mapa.

Como denunciar mortes de cavalos

Proprietários ou responsáveis por animais que apresentem sintomas ou óbitos suspeitos devem encaminhar as informações à Ouvidoria do Mapa.