Apicultura segura: medidas de segurança cruciais para evitar tragédias
Especialista alerta sobre cuidados essenciais na criação de abelhas para prevenir acidentes fatais
A recente condenação de um apicultor de João Pinheiro, que foi responsabilizado pela morte de um cachorro atacado por abelhas africanas, destaca a importância das medidas de segurança na apicultura. O ataque ocorreu em 2020 e resultou em danos irreparáveis, tanto para o animal quanto para os donos.
A decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que obrigou o apicultor a indenizar as vítimas, trouxe à tona questões cruciais sobre o manejo responsável das abelhas, especialmente das chamadas “abelhas assassinas”, uma subespécie africana conhecida por sua agressividade.

Recomendações para garantir a segurança na apicultura
Ricardo Hemsing, apicultor experiente, explica que, embora a criação de abelhas africanizadas não seja proibida no Brasil, é fundamental seguir uma série de recomendações para garantir a segurança tanto dos apicultores quanto da comunidade:
“Existem recomendações que devem ser seguidas rigorosamente para garantir a segurança das pessoas e dos animais ao redor. A principal delas é a distância mínima de 300 metros de áreas residenciais, rodovias e escolas”, explica Ricardo. Embora essa medida não elimine completamente o risco de ataques, ela contribui significativamente para reduzir o potencial de incidentes.

Responsabilidade do apicultor e comunicação com os arredores
“Se o apicultor não tomou as medidas adequadas, como a instalação de placas de aviso ou a comunicação com a população, ele pode ser responsabilizado. O correto é isolar a área durante a captura de enxames, principalmente em áreas urbanas ou rodovias”, acrescenta. O apicultor também destaca que a presença de autoridades, como o Corpo de Bombeiros ou a Polícia Militar, é fundamental para evitar que pessoas se aproximem do local durante o processo de captura.
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Ricardo Hemsing ainda aponta que, além de adotar medidas preventivas, a conscientização das pessoas sobre os perigos das abelhas é essencial: “As pessoas costumam se aproximar dos enxames por curiosidade, o que pode levar a acidentes. O apicultor deve sempre alertar para que ninguém se aproxime durante a captura”, afirma.
O especialista também relata experiências pessoais, como o resgate de colmeias após acidentes, em que ele fez alertas públicos para prevenir riscos à população: “Já socorri um caminhão tombado com 200 colmeias na estrada entre Uberlândia e Uberaba. Foi um trabalho que envolveu a orientação de motoristas e até da Polícia Rodoviária, para garantir que passassem com os vidros fechados e sem parar”, lembra.
Formação adequada e preparação de apicultores
A prática de apicultura e captura de enxames, quando realizada sem o devido preparo e profissionalismo, pode acarretar sérios riscos, como demonstrado em diversos casos no país.

Ricardo reforça que, para se tornar um apicultor qualificado, é necessário mais do que interesse: “A formação adequada e o conhecimento sobre as abelhas e suas características são fundamentais. Muitos iniciantes na atividade não têm a preparação necessária e acabam colocando a população em risco.”
Relembre o caso
Um apicultor de João Pinheiro, criador da espécie conhecida como “abelhas assassinas”, foi condenado a indenizar os donos de um cachorro que morreu após ser atacado pelos insetos. A sentença foi proferida pela 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que manteve a decisão da Comarca de João Pinheiro, no Noroeste do Estado.

O réu deverá pagar R$ 5 mil a cada um dos donos do animal, a título de danos morais, além de R$ 231,51 por danos materiais.
O ataque aconteceu em 4 de outubro de 2020, em um distrito de João Pinheiro, quando um casal caminhava com sua cadela de estimação pelas ruas. O animal foi atacado por um enxame de abelhas africanas.
O cachorro chegou a ser levado a uma clínica veterinária, mas não resistiu às ferroadas e morreu. O casal também foi picado, mas sofreu apenas ferimentos leves.