Setor cafeeiro reage à medida do Governo de zerar a tarifa de importação do café
Além do café, a ação atinge outros oito produtos considerados essenciais; medida preocupa, sobretudo, os pequenos e médios produtores de café
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O Governo Federal anunciou, na noite de quinta-feira (6), a medida que vai zerar a tarifa de importação do café e outros oito produtos considerados essenciais. A ação quer baratear o preço dos alimentos ao consumidor final.
Confira quais são os produtos inclusos na medida e a taxa do imposto de importação que deve ser zerada em breve:
- Azeite: 9%
- Milho: 7,2%
- Óleo de girassol: até 9%
- Sardinha: 32%
- Biscoitos: 16,2%
- Massas alimentícias (macarrão): 14,4%
- Café: 9%
- Carnes: até 10,8%
- Açúcar: até 14%

O anúncio foi feito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, após reunião comandada pelo presidente Lula com os ministros de Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Casa Civil e Comunicação Social. “Todas elas são medidas, desde regulatórias até medidas tributárias, em que o governo está deixando de arrecadar, abrindo mão de imposto para favorecer a redução de preço”, ressaltou Alckmin.
Não foi divulgado a partir de quando a tarifa de importação do café e demais produtos será zerada.
Reação à tarifa de importação do café zerada
O anúncio do Governo Federal repercutiu no setor cafeeiro brasileiro. A maior preocupação é com os pequenos e médios produtores que podem enfrentar dificuldades com o possível aumento da entrada de café importado no Brasil.
A Cooperativa de Cafeicultores do Cerrado de Araguari e Região (Coocacer) listou alguns pontos de atenção diante da tarifa de importação do café zerada:
- Concorrência com cafés de outros países: ao facilitar a entrada de cafés importados, os produtores nacionais competem com produtores de países que têm custos de produção mais baixos e legislações menos rígidas. Isso pode influenciar na competitividade do café brasileiro no mercado interno e refletir no externo;
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Possíveis repercussões na formação de preços: a medida pode reduzir a demanda pelo café nacional, desta forma os cafeicultores brasileiros podem enfrentar dificuldades para cobrir seus custos de produção e manter a rentabilidade;
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Sustentabilidade e qualidade da produção brasileira: a entrada de cafés importados com padrões produtivos diferentes e em condições de sustentabilidade muito deficiente, pode representar um desafio para a valorização do produto nacional e para a manutenção dos critérios socioambientais adotados pelo Brasil.
- Incertezas sobre a duração e critérios da medida: o Governo não divulgou até quando a redução da taxa de importação do café e outros produtos vai durar. Caso a medida fique por um período maior, os impactos sobre o setor cafeeiro brasileiro podem ser mais expressivos.
Em nota, a Cooperativa alegou que “está acompanhando de perto os desdobramentos da medida e participará ativamente das discussões para defender políticas que valorizem a produção sustentável de forma econômica e com segurança para o Café do Brasil”.
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Preço do café
O consumidor tem notado a alta considerável do preço do café nos últimos meses.
Em Uberlândia, o Boletim da Cesta Básica de Alimentos, feito pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômicos-socias da UFU (Cepes-UFU), indicou que o produto registrou aumento de 78% comparando os preços de janeiro de 2025 com o do mesmo mês em 2024.

De dezembro do ano passado para janeiro deste ano, o salto foi de 28%.
Confira a comparação de valores referentes a 600 gramas de café, segundo a pesquisa do Cepes:
- Janeiro de 2025: R$ 38,03
- Dezembro de 2024: R$ 29,67
- Janeiro de 2024: R$ 21,27
Entre os itens da lista de alimentos, o café foi o segundo com maior variação mensal (+28,20%), atrás apenas do tomate (+41,51%).
A cesta básica de janeiro fechou com variação positiva de 5,07% e foi uma das responsáveis por puxar a inflação do mês.