Instabilidade no fornecimento de energia traz prejuízos a produtores de leite em Perdizes
De acordo com Cemig, a instabilidade no fornecimento energia elétrica se dá por quedas de árvores, principalmente; empresa estima investir R$ 11 bilhões até 2027 para melhorias
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A instabilidade no fornecimento energia elétrica é um problema antigo enfrentado pelos produtores rurais, mas nos últimos meses tem se agravado. Só na região de Perdizes, mais de cem propriedades ficaram sem fornecimento por mais de 22 horas. Sem eletricidade, não é possível tirar o leite ou mesmo mantê-lo refrigerado para conseguir a qualidade necessária para venda. O problema posterior pode ser o adoecimento dos animais.
“Por não conseguir ordenhar, tive uma redução de produção. Tirava 620 litros em média por dia, depois de ficar um dia todo sem ordenhar, a gente não consegue tirar a mesma quantidade de leite das vacas. Hoje, a média diária da fazenda é de 510 litros”, disse o pecuarista André Luiz Barbosa.
Com o represamento do leite, aumentam as chances de mastite, que é uma inflamação da glândula mamária. Das 37 vacas em lactação de André, quatro tiveram a doença. Três se recuperaram, mas uma ficou com sequelas. Ela perdeu um dos tetos e não serve mais produção de leite. O animal leiteiro agora serve para corte.

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A falta de estabilidade no fornecimento fez com que Frederico Ribeiro conseguisse uma gerador de energia elétrica por meio de empréstimo. O plantel dele tem 38 vacas da raça Girolando em lactação, com ordenha realizada três vezes ao dia.
Ele conta que em em 15 anos de atividade, nunca enfrentou períodos tão precários de abastecimento, e o custo da energia elétrica não é baixo: ele paga, em média, R$ 4 mil por mês. “O problema maior parece ser manutenção. Falta qualidade no serviço deles”, disse ao comentar o valor alto da conta de luz.
Cadeia leiteira é prejudicada
Minas Gerais ocupa posição de destaque na cadeia leiteira do Brasil, sendo responsável por aproximadamente 27% da produção nacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, o Estado registrou a captação formal de 6,3 bilhões de litros de leite, um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior.
Entre os maiores desafios dos produtores está a redução do custo de produção. Dependendo do clima, do mercado e de outros fatores externos, os pecuaristas buscam controlar os gastos da porteira para dentro. A falta de energia interfere diretamente nesse processo, desestabilizando a produção e impactando toda a cadeia do leite.
A queima de equipamento por conta de picos de energia também é apontada como problema extra, que leva ao aumentos dos custos.
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O que diz a Cemig
Em nota, a Cemig informou que as recentes quedas de energia na zona rural de Perdizes foram provocadas pela queda de árvores sobre a rede elétrica. No dia 2 de setembro, um eucalipto derrubado por terceiros atingiu a fiação e, no dia 15, outra árvore danificou dois postes e equipamentos, impactando novamente o fornecimento, de acordo com a empresa estatal. A companhia destacou o programa Cemig Agro, que prevê R$ 11 bilhões em investimentos até 2027 para melhorar a qualidade da energia no campo e agilizar o atendimento. Um canal exclusivo foi criado para os produtores rurais, que é o 0800 721 6600.