Dia Mundial do Veganismo: uma jornada por saúde, sustentabilidade e bem-estar animal

Data celebra e destaca os benefícios do veganismo; crescentes opções alimentares e a adesão no Brasil refletem um movimento em expansão

01/11/2024 ÀS 02H46
- Atualizado Há 2 horas atrás

Nesta sexta-feira (1º), é celebrado o Dia Mundial do Veganismo, uma data que promove a reflexão sobre os impactos do consumo de produtos de origem animal e incentiva a adoção de uma dieta baseada em plantas.

Comemorada desde 1994, esta data tem como objetivo conscientizar a população sobre os benefícios do veganismo, que vão além da alimentação e englobam um estilo de vida ético e sustentável.

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O veganismo é um estilo de vida e uma filosofia
O veganismo é um estilo de vida e uma filosofia que busca excluir a exploração animal em todas as formas possíveis – Crédito: Freepik/ Reprodução

No Brasil, o crescimento do veganismo é visível. Dados de uma pesquisa do IBOPE, ainda em 2018, já indicavam que cerca de 30 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos. Quando comparado, a taxa em comparação a vegetariana ainda era menor, mas a mesma estimativa apontou existirem aproximadamente 7 milhões de brasileiros sendo veganos – número que representa um crescimento de 75% em relação a 2012, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).

Essa evolução é impulsionada pela busca por alternativas que promovem saúde e preservação ambiental, levando à popularização de receitas criativas e deliciosas que desmistificam a ideia de que a dieta vegana é monótona.

Cuidados com a saúde

A nutricionista Amanda Lemos, destaca que o veganismo vem atraindo cada vez mais gente aos consultórios querendo realizar a transição alimentar.

“É uma filosofia que abrange todas as áreas da vida, desde a escolha de produtos de moda até cosméticos. É uma questão de compaixão e respeito pela vida animal”, explica, retirando a ideia de que é uma escolha apenas alimentar.

Amanda, no entanto, no que diz respeito ao prato de comida, também alerta sobre a importância da adequação nutricional correta.

O fato é assim, que quem está em transição ou a pessoa que já é vegana, ela tem que ter um cuidado a mais na alimentação e, sem dúvida, você está restringindo ali em um grupo alimentar e é importante você entrar com a substituição correta, né?”, indaga.

Nutricionista falava sobre o veganismo e a alimentação correta
Especialista vem identificando uma crescente nos atendimentos por pessoas que buscam se tornar veganas – Crédito: Amanda Lemos Nutricionista/ Instagram/ Reprodução

No entanto, a nutricionista afirma que é uma mudança alimentar possível e que existem muitos recursos, suplementares e no prato, que tornam a decisão prática.

“É fundamental garantir uma dieta equilibrada. A vitamina B12 é um nutriente crítico que pode faltar em dietas veganas, tornando essencial a suplementação e a atenção às fontes de proteína, como leguminosas e grãos integrais. Mas atualmente, há muitas opções de suplementação e de proteína vegana, como as derivadas do arroz e da ervilha, facilitando o acesso a uma alimentação adequada. Antigamente, havia um preconceito em relação à dificuldade de garantir a quantidade proteica e vitaminosa em dietas veganas, mas essa ideia caiu por terra”, afirma.

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Um estilo de vida é menos danoso

Renato Araujo e Malu Ribeiro, um casal vegano de Uberlândia que vive essa filosofia há anos, compartilham juntos essa jornada. Renato, vegano há 7 anos por motivos diversos, como a questão espiritual, do meio ambiente e por compaixão aos animais, menciona os desafios que enfrentaram.

“O preconceito é uma realidade, principalmente entre os homens. Muitas vezes, também temos dificuldade em lugares com pouca ou nenhuma opção vegana” contam. No entanto, para driblar a questão, ambos, em casos de comemorações, por exemplo, levam a própria comida. Alternativa que também pode mostrar ao próximo que é possível adotar a prática a outras pessoas.

Renato e Malu ambos vivem um estilo de vida vegana há anos
Renato e Malu ambos vivem um estilo de vida vegana, há anos – Crédito: Renato Araujo/ Arquivo Pessoal

Malu, que adotou o veganismo há 5 anos por paixão aos animais, acrescenta: “Há estudos que indicam que consumo de carne não só afeta o bem-estar dos animais, mas também degrada o meio ambiente. Cada pequena escolha que fazemos pode ter um grande impacto e nos sentimos bem em saber que nosso estilo de vida é menos danoso”, conclui.

Renato ainda pontua a diferença entre vegetariano estrito, na qual come apenas produtos vegetais e o vegano, que por definição busca “excluir, dentro do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade com animais para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito”, definindo com mais precisam o estilo de vida que levam.

LEIA MAIS: Vegetariano ou vegano? Entenda a diferença e escolha o melhor estilo de vida

Empreendedorismo

A empreendedora Renata Beletti, além de também levar o mesmo estilo de vida, também produz quitutes veganos e afirma que “existe sim um aumento no mercado vegano de opções de produtos, ainda pode melhorar muito, mas já é válido”, diz.

Contribuindo de forma a ampliar as possibilidades para si e para outras pessoas, ela comercializa um catálogo de produtos caseiros online e presencialmente às sextas-feiras no bairro Santa Mônica, tendo um momento de lazer, alimentação consciente e negócios, ao lado de parceiros.

O crescimento do veganismo trouxe novas oportunidades e ela enfatiza a importância do diálogo na convivência.

Empreendedora leva receitas veganas a mesa de seus clientes
Através das redes sociais, Renata expõe e comercializada seus quitutes e suas receitas caseiras veganas – Arquivo: Tata Cozinha Vegana/ Instagram/ Reprodução

“Sempre que estou com amigos e familiares, busco explicar minha escolha e eles [amigos e familiares vão entendo que não é o fim do mundo. O diálogo e maravilhoso, no meu caso eles entenderam e eles consomem seus alimentos não veganos e eu com os meus e convivemos perfeitamente”~, afirma.

A empresária também complementa que não se para de consumir alimentos não veganos pelo sabor, mas sim pela exploração. “Sempre lembrando que é dentro do possível e praticável. As pessoas gostam de fazer algumas piadinhas e sim não dá para gente fazer tudo. Mas sempre que tem a opção de escolha a gente escolhe o que não tem sofrimento”, finaliza.

A luta contra a pressão social

Assim como a de quem adota essa escolha, a jornada de Letícia Queiroz Martin não foi livre de desafios. A transição para o veganismo, especialmente em uma cidade onde essa escolha, segundo ela, não dispõe de tantas opções, traz algumas dificuldades.

“No começo, enfrentei muitas piadas e desdém. As pessoas não entendiam e eu mesma não tinha argumentos sólidos para defender minha decisão”, relembra.

Ao longo do tempo, Letícia aprendeu a usar essas interações como oportunidades de educação. “Quando vou a eventos sociais, como antes ou levo pratos veganos e converso sobre como não é difícil fazer essa escolha. Muitas vezes, as pessoas ficam curiosas e abertas a experimentar”, compartilha.

Ainda conforme ela, a decisão de se tornar vegano pode ser um divisor de águas na vida de uma pessoa. Para ela, essa transformação começou há cerca de seis anos, impulsionada por uma busca intensa por curiosidade, conhecimento e consciência.

Série faz crítica aos hábitos de consumo e exploração humana danosos
Série faz crítica a agropecuária intensiva está dizimando os recursos naturais do planeta – Crédito: Netflix; Reprodução

“Eu estava num momento questionador, assistindo a documentários que exploravam como nossos hábitos de consumo afetam o meio ambiente e a sociedade. O que vi me fez repensar tudo”, conta Letícia, referindo-se a “Cowspiracy”, um documentário que aborda o impacto da pecuária no aquecimento global e no desperdício de recursos naturais.

A partir da reflexão, ela diz que “foi uma escolha que fiz de uma forma quase instantânea”. A questão não só promoveu um estilo de vida mais saudável, a qual sente a melhora no próprio corpo.

Mas ela não só se refere a alimentação, mas para a promoção de uma vida de todos os seres vivos mais justa, não contribuindo com o processo da exploração animal, na testagem farmacêutica e da escala de produção alimentar animal.

“Se a gente se considera vegano, a definição de veganismo é justamente eliminar o consumo não só para a alimentação, mas para tudo. Para eliminar toda a questão de todo tipo de exploração com animais. Então, eu rejeito o uso de animais para alimentação, vestuário e todo método que maltratar os animais. O vegano enquanto vegano não apoiará essas ações. A gente é totalmente contra” afirma.

Neste Dia Mundial do Veganismo, a mensagem é clara: a adoção de uma dieta vegana vai além de uma escolha alimentar, é uma forma de respeitar a vida e cuidar do planeta.

As Nações Unidas têm recomendado essa mudança como uma forma eficaz de mitigar impactos negativos no meio ambiente.

Para aqueles que desejam explorar o veganismo, iniciativas como a “segunda sem carne” são ótimos pontos de partida. Com a crescente oferta de produtos veganos, encontrar alternativas para uma alimentação livre de carnes e produtos derivados dos animais, se torna cada vez mais acessível.

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