O medo é uma resposta natural e evolutiva que nosso corpo usa para nos proteger de possíveis ameaças. Desde sempre, esse sentimento desempenha um papel fundamental na nossa sobrevivência, ativando o “modo de luta ou fuga” quando enfrentamos algo que percebemos como perigoso.
Essa reação prepara o corpo para agir rapidamente, aumentando a adrenalina, acelerando a frequência cardíaca e direcionando mais sangue para os músculos, o que ajuda a fugir ou enfrentar a ameaça.
O medo também é uma resposta emocional que serve para nos alertar sobre possíveis riscos, mesmo quando não estamos em perigo imediato. Mas afinal, além da proteção, qual a importância do medo para nós?
Halloween e saúde mental
O estudante Felipe Braga é um amante dos filmes de terror. Para ele, o medo é algo universal; o terror é um sentimento compartilhado que conecta as pessoas. A ideia de interpretar o medo por diferentes perspectivas é fascinante.
Felipe também afirma que o terror pode auxiliar as pessoas a confrontar e compreender seus medos, desafiando barreiras psicológicas que normalmente seriam evitadas.
Ao assistir a filmes de terror, surge a oportunidade de experimentar situações assustadoras em um ambiente seguro, o que permite explorar o que realmente amedronta.
Essa experiência traz a possibilidade de fortalecer a coragem, pois a exposição a situações ameaçadoras na tela ajuda a enfrentar medos internos sem que isso ocorra diretamente na vida real.
A intensidade emocional e o impacto visual dos filmes de terror podem ajudar o espectador a perceber medos novos ou adormecidos, incentivando-o a encarar essas sensações com mais confiança.
“Eu sou uma pessoa que não tem muitos medos, mas alguns filmes de terror já me deixaram paranoicos, principalmente filmes que tratam de coisas que estão fora do nosso alcance. Aqueles filmes onde o vilão ou a criatura que está causando terror é inimaginável ou é algo que é impossível de a gente lutar contra. “
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Essas experiências frequentemente levaram Felipe a uma reflexão mais profunda do que a simples sensação de medo. Mesmo que não haja um temor intenso, os filmes influenciam bastante a forma como ele pensa, ajudando a compreender conceitos complexos e possíveis cenários.
Contudo, alguns filmes de terror, especialmente aqueles que envolvem assassinos, causaram uma sensação de paranoia na juventude, levando-o a se sentir vulnerável quando estava sozinho em casa, como se pudesse se deparar com uma situação semelhante à das histórias.
Esse estado de alerta o fazia garantir que as portas estivessem trancadas. No entanto, ele percebe que essa preocupação já não o afeta da mesma maneira que antes.
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A diferença entre o medo saudável e o medo patológico
A diferença entre o medo saudável e o medo patológico está na intensidade da resposta emocional diante de situações de perigo.
O medo normal é uma resposta proporcional a perigos reais, funcionando como um mecanismo de proteção, como evitar uma cobra ou atravessar a rua com segurança.
Por outro lado, o medo patológico, como as fobias, é uma resposta desproporcional a situações que geralmente não representam perigo real, como sentir medo ao ver imagens daquilo, o que leva a limitações significativas na vida da pessoa.
Fobias específicas, como aracnofobia ou ofidiofobia (fobia de cobras), podem exigir tratamento, incluindo terapia cognitivo-comportamental ou medicação, para ajudar a lidar com esses medos que afetam o cotidiano.
Até que ponto o medo é saudável?
De acordo com o Dr. Alfredo Demétrio, psiquiatra e psicoterapeuta, o medo é uma reação natural e protetiva que surge quando há uma ameaça percebida. Esse medo é considerado saudável e útil, pois promove a cautela e a proteção diante de situações de perigo.
No entanto, ele se torna prejudicial quando ultrapassa essa função protetiva, evoluindo para fobias ou quadros ansiosos que interferem no dia a dia.
Em casos assim, até pequenas referências ao medo específico, como ver um palhaço para quem sofre de coulrofobia, podem desencadear reações intensas e impactantes, tornando necessária a ajuda psiquiátrica.
“Se é uma coisa invasiva, ela vai ter sintomas fóbicos, terá sintomas de medo muito exagerado”
O médico explica que, quando uma pessoa consegue distinguir claramente entre realidade e fantasia, como ocorre nas festas de Halloween, ela participa de atividades de terror e susto como uma brincadeira, sem que isso provoque desconforto real.
Para ele, o Halloween, especialmente entre os jovens, é uma celebração associada à diversão e ao lúdico, em que os participantes sabem que os personagens assustadores são fantasiosos. Em contrapartida, para pessoas com fobias específicas, essa experiência pode ser evitada devido ao medo antecipado, o que prejudica a socialização.
O medo tem idade?
Dr. Alfredo explica que a imaginação também desempenha um papel importante nas fobias, especialmente nas que são adquiridas na infância. Os medos infantis, geralmente ligados à proteção, tendem a evoluir com o amadurecimento.
Durante a vida, o raciocínio lógico e o desenvolvimento pessoal podem fazer com que esses medos diminuam ou desapareçam, enquanto o medo protetivo permanece como uma ferramenta essencial para a sobrevivência.
Esse amadurecimento mental ajuda a estabelecer uma rede lógica de autodefesa, na qual medos específicos, como aqueles comuns em idosos, também podem ter valor protetivo. Em resumo, enquanto o medo saudável preserva a segurança, o medo extremo que prejudica o cotidiano é considerado patológico e pode ser tratado para restaurar o bem-estar e a qualidade de vida.