Conteúdos sobre bem-estar e estilo de vida com informações confiáveis, embasadas cientificamente e com orientações de especialistas
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Me lembro exatamente do dia em que a ficha caiu. Era uma segunda-feira, no meio da manhã, e o tempo estava ameno. Eu estava em um dos parques da cidade, cercada pelo verde e pela companhia de uma amiga querida, que ama correr. Na época, eu me arriscava em trotes, testando meus limites. Era bom. Tínhamos acabado de correr seis quilômetros. Enquanto a escutava, uma voz interna me sussurrou como um segredo: “Sua menstruação não veio…”.
Um arrepio percorreu minha espinha. Devo ter ficado pálida e gelada, mas minha amiga sequer notou meu susto. Dali para casa, fiz as contas e a matemática confirmou minhas suspeitas: a menopausa estava se aproximando.
A menopausa é uma jornada longa e sem linha de chegada. Hoje reconheço que construir essa trilha não é fácil e que encontrar mais pedras ou sementes a germinar dependerá de cada mulher.
Pode parecer um pensamento simples, mas é um fato que precisa ser admitido: por mais complicada e cheia de altos e baixos que seja essa fase – como uma montanha-russa –, existem saídas e desafios.
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Não seremos mais as mesmas e há nisso uma surpresa: a descoberta de nuances em nós que jamais havíamos explorado. A menopausa pode ser um rompimento com padrões e exigências que nunca foram nossos. E ela, muitas vezes demonizada, pode ser uma aliada na liberdade de sermos quem quisermos.
Eu decidi não brigar com ela. Tento buscar uma convivência harmoniosa, sem condescendência. Ela não manda em mim, nem eu nela. Estabelecemos um acordo e, para que a maturidade floresça, é preciso cultivar a capacidade de ceder em muitos momentos.
Quando recebi o diagnóstico, chorei. Não tenho vergonha da minha fragilidade. Pensei em tudo o que havia vivido e percebi que muito do meu desatino momentâneo não tinha relação com o climatério/menopausa.
No turbilhão da ausência hormonal, as escolhas, as consequências e, principalmente, o fato de não ter tido filhos, tomaram conta dos meus pensamentos. Sem contar que o pôr do sol se tornou um gatilho para a melancolia.
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O relógio marcava seis horas, os pássaros cantavam e uma sensação de angústia me tomava. Era como se algo ruim estivesse prestes a acontecer. Mas não acontecia. Diante desse cenário, criei uma estratégia simples: abria a janela para o pôr do sol, olhava para o céu e dizia para mim mesma: “Vai passar”. E está passando. Essa janela me permitiu considerar a possibilidade de fazer reposição hormonal, de lidar com as mudanças no corpo, de me sentir mais bonita e de buscar uma melhor qualidade de vida, sem a pressão de ninguém. O importante é focar no que realmente importa: os laços familiares e de amizade, a introspecção e a busca por um bem-estar genuíno.
Eu nem sabia, mas o calendário marcou o dia da minha menopausa: 18 de outubro. Essa data reforça a necessidade de um olhar mais atento e cuidadoso para essa fase da vida de uma mulher. Nós, mulheres, não queremos nos esconder. Queremos saber o que podemos fazer para viver plenamente os 50 e tantos anos que virão.