A partir de 4 de novembro, a Vacina Oral Poliomielite (VOP), popularmente conhecida como a “gotinha”, deixará de ser aplicada no Brasil.
Em seu lugar, o país adotará a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que será aplicada de forma injetável.
Essa mudança no esquema de vacinação, anunciada pelo Ministério da Saúde, busca tornar a imunização contra a poliomielite ainda mais segura e eficaz.
Mas qual é a diferença entre elas?
Ambas são eficazes na proteção contra a poliomielite, mas possuem características distintas que influenciam tanto na forma de administração quanto nos riscos e benefícios associados.
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Como funciona cada vacina
A gotinha, utilizada no Brasil desde o final dos anos 1980, contém o vírus da poliomielite atenuado, ou seja, uma versão enfraquecida do vírus.
Administrada por via oral, ela imita uma infecção natural e estimula a produção de anticorpos nas mucosas, como as da boca e do intestino.
Isso cria uma barreira de proteção que impede que o vírus selvagem se estabeleça no corpo.
Por outro lado, a injetável é produzida a partir de partículas de vírus inativados, que não têm capacidade de se replicar no corpo.
Aplicada por meio de injeção, ela induz uma resposta imune no sistema sanguíneo, protegendo o organismo de forma segura, sem o risco de causar poliomielite.
Segurança e eficácia das vacinas
Embora as duas vacinas sejam altamente eficazes na prevenção da poliomielite, ela em forma de ‘injeção’ oferece uma vantagem fundamental: segurança.
Isso porque, em raros casos, a gotinha pode desencadear uma forma de poliomielite associada à vacina.
Esse evento adverso ocorre quando o vírus enfraquecido da vacina oral acaba causando a doença na pessoa vacinada, especialmente em pessoas com sistemas imunológicos comprometidos.
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“A vacina oral foi fundamental na erradicação da poliomielite no Brasil, mas o fato de conter o vírus vivo atenuado traz um risco mínimo de efeitos adversos, o que não ocorre com a vacina injetável”, explica Cláudio Vieira da Silva, professor de Imunologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A ‘injeção’, ao utilizar o vírus inativado, elimina completamente essa possibilidade.
Facilidade na administração x segurança
A principal vantagem da gotinha sempre foi sua facilidade de aplicação, especialmente em campanhas de vacinação em massa.
Com a gotinha, sua aplicação é mais simples e menos invasiva, o que facilita a adesão, especialmente entre crianças.
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Por outro lado, a injeção pode causar pequenas reações locais, como dor e inchaço no local da aplicação.
A segurança superior da ‘picadinha’ compensa esse pequeno desconforto. Além disso, o novo esquema vacinal, que reduzirá o número de reforços de dois para um, também simplifica o processo, tornando-o mais prático para as famílias.
Por que a mudança é importante?
A substituição da gotinha pela injetável segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a adoção da versão injetável como parte da estratégia global para erradicação da poliomielite.
Além disso, a mudança reduz o risco de poliomielite associada à vacina, garantindo uma imunização mais segura.
Vale lembrar que a poliomielite, embora erradicada no Brasil desde 1989, ainda representa uma ameaça global.
O objetivo da mudança é não só proteger as crianças brasileiras, mas também contribuir para o esforço mundial de erradicação definitiva da doença.