“Eu tinha que ter coragem, eu tinha que lutar por aquilo”, diz sobrevivente do câncer de mama

Lucilaine Nunes comemora 10 anos da sua luta vencida contra o câncer de mama e celebra o Outubro Rosa

, em Uberlândia
16/10/2024 ÀS 10H47
- Atualizado Há 5 horas atrás

De acordo com o site do Governo Federal, o câncer de mama é o tipo de câncer que mais atinge as mulheres no Brasil. O Outubro Rosa é um importante fator na prevenção, que procura mobilizar e fortalecer as mensagens sobre sua detecção precoce do câncer.

Câncer de mama é o câncer que mais atinge mulheres no Brasil / Crédito: Freepick
Câncer de mama é o câncer que mais atinge mulheres no Brasil – Crédito: Freepick

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O diagnóstico está nos detalhes

Lucilaine Nunes, orientadora educacional de 43 anos, foi uma das pacientes que tratou o câncer de mama. Seu diagnóstico começou em setembro, quando ela chegou em casa após o trabalho e, ao tomar banho, notou que seu sutiã estava sujo e um pouco molhado por dentro.

Ao apertar o bico da mama, sentiu sair uma secreção de tom marrom claro, o que a deixou preocupada. Ela comentou com sua mãe, que a aconselhou a procurar um médico, pois não era normal haver secreção nos seios.

Na consulta, ela explicou seus sintomas e, ao descrever a cor da secreção, a médica perguntou se era realmente marrom. Ao confirmar, a médica alertou que isso não era um bom sinal, já que secreções saudáveis costumam ser claras.

Após um exame que não revelou nódulos, a doutora pediu uma ultrassonografia e uma mamografia. Quando a mulher retornou com os resultados, a médica mencionou que havia encontrado um “bi-hads 5”. A médica imediatamente ligou para um mastologista, solicitando uma consulta urgente, informando sobre a situação da paciente.

“Eu fiquei desesperada!”.

Lucilaine foi então ao mastologista acompanhada pelo marido, mãe e irmã, todos preocupados com a secreção nos seios. O médico explicou que ela precisaria fazer uma biópsia guiada por ultrassom e alertou que, se fosse câncer de mama, poderia ser necessário retirar toda a mama.

Na consulta, ainda em setembro, ele disse que a biópsia era negativa, mas, pela imagem, havia indícios de câncer de mama em fase inicial. O resultado, que indicava carcinoma ductal invasivo grau 2, chegou no dia 6 de novembro de 2014.

Dois dias depois, ela retornou ao consultório do médico, que informou que a única opção seria a remoção total da mama, já que o câncer de mama estava encapsulado. Ele explicou que, ao contrário de um nódulo, que poderia permitir a retirada de uma parte, no caso dela, era necessário retirar a mama inteira devido à presença de várias microcalcificações

“Tive muito medo de morrer. Tenho até hoje, na verdade, porque eu acho que depois que a gente tem um câncer, a gente nunca mais tem paz”, desabafa.

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A luta consigo mesma

Apesar do choque do diagnóstico, Lucilaine diz que continuou na luta pela sua família, mas principalmente pelo seu filho. “Eu tinha que ter coragem, eu tinha que lutar por aquilo, porque eu tinha que criar meu filho, eu queria ver ele crescer. Eu comecei a mentalizar coisas positivas: eu vou seguir por ele, pela minha mãe, pela minha família, pela minha irmã, pelo meu marido, por mim“, explica.

E então, chegou o maior desafio do tratamento para Lucilaine, a remoção total da mama e a perda de cabelo. Ela conta que precisou se olhar no espelho e aceitar sua nova imagem, o que já era difícil, mas também teve que enfrentar a perda de cabelo.

A enfermeira havia alertado que, embora a quimioterapia que estava fazendo não fosse tão intensa, seu cabelo ficaria fraco. Quando começou a cair, sua cabeça doía muito, então decidiu raspar os cabelos.

A decisão de raspar foi especialmente difícil por causa do seu filho, que na época era pequeno e costumava mexer no cabelo dela ao dormir. Para lidar com isso, ela viajou para a cidade vizinha, onde havia especialistas em perucas, e comprou uma. Quando voltou, mostrou a peruca ao filho, dizendo que era seu “cabelo novo”, mas não se mostrou careca para ele.

“Mas isso estava me causando um incômodo, porque eu tirava a peruca para dormir, tinha medo que ele entrasse no quarto e me visse careca”, desafaba.

Foi então que, um dia, durante um calor intenso, ela comentou com seu filho sobre seu cabelo, e ele mencionou algo sobre isso. Ela explicou que seu cabelo era “superlegal” porque podia ser retirado da cabeça. Ao dizer que estava careca, ele ficou surpreso, mas curioso.

A orientadora perguntou se ele queria ver e, ao confirmar que sim, avisou que não deveria assustar. Quando tirou a peruca, o filho, com seus quatro anos, olhou para ela e riu, dizendo que estava “tudo bem” e pediu para ela colocar a peruca de volta e saiu correndo para brincar.

“Eu comecei a ver que era uma aceitação muito mais minha do que dele, sabe? Eu via que, às vezes, eu falava para ele, a mamãe vai tirar um pouco porque está com calor e não sei o quê. Então, eu avisava a ele, mas me olhar no espelho, daquele jeito, era difícil, era bem difícil.”

"Era uma aceitação muito mais minha do que dele", afirmou Lucilaine sobre raspar o cabelo / Crédito: Acervo pessoal
“Era uma aceitação muito mais minha do que dele”, afirmou Lucilaine sobre raspar o cabelo / Crédito: Acervo pessoal

O que fica dessa experiência?

Lucilaine acredita que passar por uma doença como o câncer traz aprendizado e significado. Para ela, compartilhar sua experiência de luta e superação é muito valioso, pois ajuda outras pessoas.

O impacto que tem ao falar sobre a doença em lugares onde trabalhou a deixa satisfeita, especialmente quando alguém a procura dizendo que foi fazer a mamografia após ouvir seu relato e que não encontrou nada de grave.

Esse feedback a motiva, pois percebe que sua história pode conscientizar e incentivar outros a cuidar da saúde.

Para ela, contribuir de alguma forma para a saúde das pessoas é uma missão importante, e essa sensação de ajudar é fundamental em sua jornada de superação.

“A minha mensagem para as pessoas que estão passando por isso é que elas tenham coragem, que elas nunca desistam e que a gente tem que enfrentar, sabe? A gente tem que erguer a cabeça, lutar.”

Como fazer o autoexame

O autoexame no combate ao câncer de mama consiste na observação e no toque dos seios para identificar possíveis alterações, como nódulos, inchaços, mudanças na textura ou secreções mamárias.

Caso sinta algum nódulo ou mudança na textura ou tamanho, procure um médico ginecologista. Ele realizará o exame clínico de mama e poderá solicitar a mamografia.

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