A geração invisível: os desafios e benefícios de ser ‘low profile’ nas redes sociais

Entenda porque a cultura do "low profile" cresce entre os jovens. Psicóloga explica que pouca exposição na internet pode ajudar na interação social presencial

, em Uberlândia
08/10/2024 ÀS 13H35
- Atualizado Há 4 horas atrás

Em um mundo tecnológico onde muitos gostam de se destacar, intriga aqueles que optam por uma vida com mais discrição. Após a era do “oversharing”, em que os internautas compartilhavam praticamente tudo sobre suas vidas, a frustração de “stalkear” alguém e não encontrar conteúdo é cada vez mais comum.

Agora, após anos de excessos, a cultura do “low profile” ganha força. A expressão “low profile” se refere a um grupo de pessoas que, por motivos pessoais, decide manter um estilo de vida mais privado nas redes sociais.

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 Após a era do “oversharing”, a cultura 'Low Profile' atingiu os jovens / Crédito: Canva
Após a era do super compartilhamento, a cultura ‘low profile’ atingiu os jovens – Crédito: Freepik

A geração low profile: além da estética

Ser “low profile” é uma escolha pessoal e vai além de estética para muitas pessoas:

“Os motivos vão variar para cada sujeito, é importante citar que essa decisão não está ligada diretamente a sua saúde mental e emocional. Uma pessoa pode estar saudável mentalmente e ainda assim preferir viver uma vida mais reservada.”,  afirma Aline Andrade Drumond, psicóloga clínica e especialista em Terapia Cognitiva Comportamental.

A timidez, por exemplo, pode ser uma grande aliada dessa decisão. É o caso do estudante Felipe Regal, que vive a timidez desde a infância e hoje carrega-a também na vida adulta: “Eu sempre fui muito tímido, então acho que isso sempre fez com que eu fosse muito discreto nas minhas redes sociais”, explica.

Apesar de gostar de acompanhar o que os outros postam, Felipe sente dificuldade em se expor devido à timidez e à insatisfação com suas próprias fotos.

Com o tempo, porém, ele percebeu uma evolução em sua relação com as redes sociais. Inicialmente, usava o Instagram apenas para seguir notícias de futebol, mas com o tempo passou a utilizá-lo de forma mais social, embora ainda com poucas publicações.

SAIBA MAIS:

 

A timidez é um desafio que Felipe busca superar. “Acho que no fim o que mais me impede de postar é minha timidez mesmo, tô tentando trabalhar um pouco isso, melhorar, acho que é importante principalmente pensando no que eu tenho em mente de trabalho”, reflete.

Mas a timidez não é o único motivo que leva jovens a adotarem um perfil mais discreto nas redes sociais. O cyberbullying e os padrões de beleza inalcançáveis são problemas cada vez mais comuns e exercem uma grande pressão sobre os adolescentes.

Laís Espósito, por exemplo, confessa sentir essa pressão: “As vezes eu sinto pressão para seguir um padrão tanto estético de corpo e também de estilo de vida, então acabo preferindo não postar pra evitar essa comparação minha com os outros.”, explica.

O impacto do cyberbullying e da comparação com outros é principalmente emocional e pessoal. Laís demonstra uma preocupação significativa com o julgamento, o que influencia diretamente sua decisão de não compartilhar sua vida nas redes sociais.

Timidez é uma das responsáveis pela escolha 'Low Profile' / Crédito: Kauê Altrão/ Paranaibamais
Timidez é uma das responsáveis pela escolha ‘Low Profile’ / Crédito: Kauê Altrão/ Paranaibamais

Benefícios de ser low profile para a vida pessoal

Manter-se discreto na vida pessoal ajuda a ‘filtrar’ relações, atraindo pessoas que valorizam seus ideiais e opiniões acima do que tem a ser mostrado, como bens materiais. Esse comportamento contribui para a construção de um círculo social mais sólido e confiável.

Além disso, ao evitar o compartilhamento excessivo nas redes sociais, reduz chances de atrair inveja ou alimentar competições desnecessárias, promovendo um ambiente de maior tranquilidade e bem-estar emocional.

“Maior possibilidade de interação com pessoas presencialmente também é um benefício que pode vir como consequência da decisão de se tornar low profile, além de viver uma vida mais autêntica e sem se preocupar com números de curtidas e visualizações.”, explica Aline.

Estética low profile no ambiente de trabalho

No ambiente de trabalho, manter um perfil discreto pode ser uma estratégia inteligente. Isso porque permite foco no crescimento do negócio sem distrações. Além disso, ao reduzir o tempo nas redes sociais, o trabalhador aumenta sua produtividade e os resultados do negócio.

Outro ponto positivo diante disso é a proteção das ideias, já que  compartilhar menos sobre o que se é feito no trabalho  diminui o risco de cópias por concorrentes, mantendo assim uma vantagem competitiva.

“Ser low profile pode ajudar na interação social presencial, já que este estará mais presente em seu ambiente possibilitando maior interação com as pessoas que estão ali.”, explica a psicóloga.

Menos exposição online também melhora a saúde mental, já que reduz o estresse causado por críticas e comparações nas redes sociais. Empreendedores com esse perfil tendem a construir relacionamentos mais autênticos e significativos, preferindo interações reais que fortalecem laços com parceiros e clientes.

A ausência de pressão para se atualizar nas redes sociais também facilita o foco em objetivos de longo prazo. Ao escolher cuidadosamente o que compartilhar, os empreendedores preservam seus valores pessoais e crenças sem se comprometerem com a opinião pública.

Algumas das características de uma pessoa ‘low profile’

  • Perfil privado/fechado
  • Possui poucas ou nenhuma foto no feed
  • Não compartilha publicações no feed ou nos stories

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