PF desmonta esquema que lavou R$ 252 milhões com empresas atacadistas e pet shops de fachada

Operação Simulatio cumpriu 11 mandados nas cidades de Uberlândia, Jataí (GO) e Rio Verde (GO) com apreensão de 15 veículos e 7 imóveis de luxo ligados ao grupo investigado

, em Uberlândia

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A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (14), a Operação Simulatio para desarticular um grupo especializado na lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e de outras fraudes. Segundo as investigações, a organização movimentou cerca de R$ 252 milhões em cinco anos, utilizando uma rede de empresas de fachada distribuídas pelo Triângulo Mineiro e pelo sudoeste de Goiás.

Grupo suspeito de lavar milhões com comércio fictício é alvo de megaoperação
Polícia Federal determinou a apreensão de veículos e o sequestro de sete imóveis de alto padrão, todos localizados em Uberlândia – Crédito: PFMG/Divulgação

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Quadrilha lavou R$ 252 milhões

No total, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, sendo nove em Uberlândia, um em Jataí (GO) e um em Rio Verde (GO). A Justiça Federal também determinou o bloqueio de contas bancárias das empresas investigadas, além da apreensão de 15 veículos, muitos de luxo, e sete imóveis de alto padrão, todos em Uberlândia.

Golpe de R$ 252 milhões
Imóveis de alto padrão são bloqueados em ação contra lavagem de dinheiro – Crédito: PFMG/Divulgação

Empresas de fachada e documentos falsos

Segundo a PF, o grupo simulava atividades comerciais legítimas para mascarar a origem ilícita dos recursos. As empresas se apresentavam como atuantes no comércio atacadista de alimentos para animais, cereais, leguminosas e carnes nobres, além de pet shops, transportadoras de grãos e bares.

Para operar o esquema, os investigados utilizavam identidades falsas, produzidas por integrantes da própria organização. Os documentos eram usados para abrir empresas, movimentar contas e dificultar o rastreamento das atividades ilegais.

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Materiais apreendidos pela Polícia Federal

A Polícia Federal apresentou o balanço das apreensões realizadas durante a Operação Simulatio. Entre o material recolhido estão valores em espécie, armas, veículos, documentos falsificados e equipamentos eletrônicos utilizados pelo grupo criminoso.

Itens apreendidos:

  • R$ 19.100,00 em espécie
  • 15 celulares
  • 2 computadores/notebooks
  • 21 documentos falsos
  • 2 armas de fogo:
  • 1 pistola 9×19 mm
  • 1 espingarda calibre 12 gauge
  • 20 cartões bancários

Segundo a PF, as apreensões revelam a complexidade da estrutura criminosa e reforçam o potencial financeiro do grupo para manter atividades ilícitas em larga escala.

Líder foragido foi preso dois dias antes da operação

O principal articulador do grupo, que possuía duas passagens por tráfico de drogas, estava foragido. Ele foi preso na última quarta-feira (12), durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-050, em Uberlândia, após apresentar documentos falsos aos agentes.

Operação Simulatio prende líder da quadrilha após apresentar documentos falsos
Operação Simulatio, da Polícia Federal, cumpriu 11 mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (14) – Crédito: PFMG/Divulgação

A prisão antecipada do líder, segundo a PF, reforça a estrutura organizada do esquema e a necessidade de deflagrar a operação para impedir a continuidade dos crimes.

O delegado da Polícia Federal, Felipe Garcia, explicou que o grupo atuava com alto grau de sofisticação, criando identidades inteiramente falsas para dar aparência legal às movimentações milionárias. “Eram diversas pessoas que criavam identidades falsas com certidões de nascimento falsas. Elas aparentavam ser pessoas verdadeiras, compravam bens, veículos, imóveis. Essas pessoas movimentaram R$ 252 milhões ao longo de cinco anos”, afirmou.

Segundo o delegado, o padrão das empresas de fachada levantou suspeitas desde o início da investigação, “Eram empresas que não tinham capital social, nem tempo de criação propício para essas movimentações. Não sabiam explicar de onde vinha tanto dinheiro, e isso culminou nas investigações.”

Durante a semana, outro integrante da organização também foi preso, reforçando o desmantelamento da cadeia de comando do grupo.

Crimes investigados e significado do nome da operação

Os investigados podem responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso. A PF não descarta novas prisões, já que a análise do material apreendido pode revelar a existência de mais envolvidos.

Polícia Federal encontra duas armas de fogo, incluindo pistola e espingarda durante operação
Polícia Federal encontra duas armas de fogo, incluindo pistola e espingarda durante operação – Crédito: PFMG/Divulgação

O nome da operação, Simulatio, vem do latim e significa “simulação”, em referência à principal estratégia do grupo, criar múltiplas identidades e negócios fictícios para dissimular atividades ilícitas e confundir órgãos de controle.

Caso semelhante reforça alerta sobre crimes na região

O cenário recente de investigações se soma ao impacto da Operação Magna Fraus, megaoperação internacional que também tem Uberlândia como um dos principais alvos. A ação apura um esquema de fraude bancária que desviou mais de R$ 813 milhões de contas utilizadas por bancos e instituições de pagamento para gerenciar transferências pelo Pix.

No mês passado, um homem e uma mulher foram presos em Carmo do Paranaíba suspeitos de desviar cerca de R$ 27 milhões de uma empresa local. O desdobramento das investigações apuram movimentações financeiras irregulares e ocultação de bens de origem ilícita.

A dimensão bilionária dos crimes e os envolvimentos de operadores instalados no Triângulo Mineiro reforçam o alerta sobre a elevada incidência de golpes financeiros complexos na região.