Quantas vezes esse recado passou por nós e muitos de nós engoliu o choro que pedia para fluir.
Represado, muitas vezes, por um conselho que parecia afetuoso, porém freou bruscamente a saída de emoções tão necessárias que apenas as lágrimas poderiam traduzir.
Ué, por que não chorar?
O que há de errado em deixar o rio dos olhos?
Não há nada de estranho em acolher o choro.
É normal.
O choro que vem ao primeiro fôlego da vida quando o bebê deixa o útero da mãe. É pulmão aberto para a sagrada existência.
Sabia que chorar é verbo de pesquisas mundo afora? E os estudos mostram que é a forma que temos para expressar aquilo que não dá para falar, seja físico ou emocional. Da dor da batida do dedão do pé na quina da cadeira até a perda de alguém que amamos, chorar é válido.
Pode reparar: depois que permitimos o desaguar a sensação de alívio vem imediatamente.
Os estudiosos dizem que quando choramos nosso organismo entra em homeostase para voltar ao equilíbrio. Com o estresse e a ansiedade a nos cravarem os dentes chorar é quase uma estratégia de sobrevivência nos tempos pós pandemia.
Para desatar o no na garganta há quem tenha segredos. Uma amiga minha corre para debaixo do chuveiro para lavar o corpo e a alma. Outra ajuda assiste ao vídeo de um dia emocionante.
E chorar nem sempre significa tristeza. Pode ser alegria que transborda por um grande sonho ou por uma delicadeza do cotidiano.
Essa função básica do organismo resgata a empatia, em desuso hoje em dia. Se alguém chora perto de nós temos por intuição ou instinto apoiar, seja segurando a mão, seja abraçando forte.
Além disso, chorar é perceber que somos vulneráveis e nos faz reconhecer que é hora de pedir ajuda sem medo.
Da próxima vez que a garganta apertar, chore, respire e verá que a janela do seu olhar irá trazer horizontes que você precisa enxergar. Com amor. Seja o que for.