Durante este mês, a campanha Agosto Branco busca combater o tabagismo e também mira o cigarro eletrônico.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, mostram que as estimativas de câncer de traqueia, brônquios e pulmão para o triênio de 2023 a 2025 são de 32.560 novos casos por ano.
MAIS! Agosto Dourado: “o peito vai servir de aconchego”, diz mãe
Ainda segundo o instituto, a maior parte desse tipo de câncer está associada ao hábito de fumar ou à exposição passiva ao tabaco.
Segundo estimativas de 2023, o câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil. Em termos de mortalidade, é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres, segundo estimativas mundiais de 2020.
Outro fator que a campanha Agosto Branco foca é o crescente uso dos cigarros eletrônicos, também chamados de ‘vape’.
Estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e pela organização global de saúde pública Vital Strategies, em 2023, indicou que, pelo menos, um a cada quatro brasileiros de 18 a 24 anos (23,9%) já utilizou cigarro eletrônico.
O pneumologista Thulio Marquez fala sobre o hábito negativo de fumar e faz um alerta sobre o uso do vape: “O hábito de fumar não é seguro em nenhuma hipótese e não podemos ignorar que os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil, portanto, não são regulamentados e controlados por órgãos competentes. Apesar disso, o consumo entre os jovens cresce, e isso é muito preocupante, pois já observamos danos à saúde nesse público no mundo todo, principalmente no pulmão. A capacidade de desenvolver dependência à nicotina nessa faixa etária é muito alta. Diante do que já vivemos, devemos enfrentar uma epidemia de tumores no pulmão no futuro”, comenta.
Existe um pensamento entre os usuários de que os cigarros eletrônicos são menos nocivos, e o pneumologista alerta: “Ainda existe a ideia de que os dispositivos eletrônicos são menos nocivos. Porém, eles possuem vários componentes que são muito prejudiciais, como a nicotina, que causa dependência, além de várias substâncias cancerígenas. Alguns vapes podem conter nicotina correspondente a cinco maços de cigarro comum”, explica.
Leia Mais
Mpox: conheça a doença considerada uma emergência em saúde pública global
Projeto que incentiva parto normal via plano de saúde acolhe gestantes em Uberlândia
Saúde mental se torna discussão no ambiente corporativo diante do aumento de afastamento de trabalhadores
Agosto Branco: na contramão da modinha
Seguindo na contramão do que é ‘moda’ entre os jovens, o influenciador Gustavo Foganoli, de 23 anos, criou o movimento “Sem Nicotina” para incentivar a si próprio e outras pessoas a parar de fumar cigarros eletrônicos.
Em suas redes sociais, com milhares de seguidores, o jovem conta sua experiência com cigarros comuns e eletrônicos: “Fazem nove anos que eu fumo, porém hoje eu decidi parar”, começa o relato divulgado nas redes em abril deste ano.
O influenciador diz que sempre evitou expor esse assunto, pois tinha ciência da sua influência sobre os jovens e temia que alguém pudesse achar o vício algo “legal”.
Gustavo relata que começou a usar nicotina aos 14 anos e que ela foi uma válvula de escape para o estresse. Ele conta que a quantidade de cigarros comuns era menor, pois se incomodava com o cheiro, e o vape surgiu como uma opção ‘melhor’.
O jovem começou a perceber a seriedade do vício quando passou a acordar de madrugada para utilizar o cigarro eletrônico e decidiu monitorar seu sono.
Diante dos malefícios da nicotina e do impacto negativo em sua vida, Gustavo decidiu criar um movimento na internet chamado #SemNicotina. Nele, o jovem e aqueles que quiserem participar postam vídeos usando a hashtag e mostrando como tem sido o processo de abandonar o vício.
“Não é uma batalha fácil, é muito difícil largar a nicotina. Mas se todo mundo se ajudar e for forte, a gente consegue”, finaliza.
Gustavo continua compartilhando nas redes sociais o seu processo e incentivando outros jovens a seguir o mesmo caminho de abandono do vício.
A venda de vapes é proibida no país desde 2009.
Câncer de Pulmão
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os sintomas do câncer de pulmão não costumam ocorrer até que a doença esteja avançada. Em algumas pessoas, o estágio inicial apresenta sintomas.
Os mais comuns são tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, rouquidão, piora da falta de ar, perda de peso e de apetite, pneumonia recorrente ou bronquite, e sensação de cansaço ou fraqueza.
Para os fumantes, o ritmo habitual da tosse pode ser alterado, e crises podem aparecer em horários incomuns.
A detecção precoce pode ser feita por meio de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, possibilitando, assim, uma maior chance de tratamento bem-sucedido.
O diagnóstico precoce do câncer de pulmão é possível em apenas parte dos casos, pois a maioria dos pacientes só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas.
Não fumar, praticar atividade física, evitar o tabagismo passivo e a exposição a agentes químicos são práticas que contribuem para a prevenção do câncer de pulmão.