O papel do Sindicato Rural de Uberlândia nas eleições municipais

Uma das maiores entidades de classe da cidade, o Sindicato Rural, é até hoje a maior indústria de políticos locais

02/08/2024 ÀS 18H38

- Atualizado Há 2 meses atrás

O Sindicato Rural é, sem dúvidas, o maior fornecedor de prefeitos de Uberlândia das últimas cinco décadas. Desde o início dos anos de 1970 até hoje, os ruralistas venceram nove das 13 eleições municipais realizadas. Somando no total 36 anos de gestões que emergiram da diretoria executiva do Sindicato Rural.

Num típico ano de eleições, sempre há uma expectativa para saber o que sairá da fábrica de políticos uberlandenses. Em 2024 não foi diferente, o primeiro a aparecer nesse cenário foi o ex-presidente do sindicato e neto do ex-prefeito Virgílio Galassi, já falecido, Gustavo Galassi. Ele se filiou ao Republicanos e logo foi lançado pré-candidato a vice na chapa de Leonídio Bouças (PSDB).

No último dia do prazo de filiações partidárias o presidente reeleito da entidade, Thiago Silveira, pediu licença do cargo e se filiou ao União Brasil, a convite do prefeito Odelmo Leão(PP).

O movimento do Leão indicava que, mais uma vez, o Sindicato Rural brigaria pelo protagonismo na disputa municipal tendo duas lideranças da classe em lados opostos da corrida eleitoral: Galassi com Leonídio e Silveira com Paulo Sérgio (PP), o indicado de Odelmo. Mas as costuras partidárias acabaram produzindo um modelo diferente na passarela política.

Gustavo Galassi sindicato rural
Gustavo Galassi, ex-presidente do Sindicato Rural, foi o primeiro vice anunciado nas eleições municipais. Crédito: Comunicação/SRU

Quando começaram os rumores de que Silveira poderia ser o vice de Paulo Sérgio, o deputado Arnaldo Silva, comandante do União na esfera municipal, não teria gostado da história. Queria o próprio Arnaldo indicar o nome do partido que comporia a chapa e Silveira era uma indicação do atual prefeito. Há quem diga até que o deputado barrou a possível indicação do ruralista.

No meio de tudo surgiu a desistência, involuntária, do deputado Cristiano Caporezzo (PL). Em um arranjo com o prefeito, ele declinou de sua candidatura para apoiar Paulo Sérgio e indicar o vice da chapa. O nome escolhido por Caporezzo foi o de um assessor dele, que não tem experiência na gestão pública nem nunca disputou uma eleição. Em nome da desistência do deputado, do apoio do PL (que tem o maior tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral e o maior volume de recursos do fundo partidário), restou a Odelmo e Paulo aceitarem a indicação.

thiago silveira sindicato rural
Thiago Silveira se licenciou da presidência do Sindicato Rural na expectativa de ser indicado a vice de Paulo Sérgio. Crédito: Comunicação/SRU

E o Sindicato Rural?

Preterido na chapa governista resta saber agora como vão se posicionar as lideranças-chave do Sindicato Rural e qual a influência da entidade no voto do eleitor de Uberlândia, atualmente. Principalmente entre produtores rurais ou o chamado “eleitor agro”.

A dúvida é entender se o núcleo da entidade que exerce influência no setor vai sair em defesa do candidato indicado pelo prefeito, considerado a maior referência do sindicato, ou se apoiará o ex-presidente que carrega um dos sobrenomes mais famosos da política local, mas foi dissidente da diretoria atual e compõe uma chapa de oposição ao prefeito.

É bom lembrar que a política brasileira mudou muito nos últimos anos. A forma de escolha dos candidatos e a maneira como buscam o voto do eleitor, também mudaram. Mas são inegáveis a força política do prefeito Odelmo Leão e a influência que ele pode exercer na decisão do eleitor. Ao mesmo tempo que a presença do Sindicato Rural de Uberlândia nas discussões da sociedade e no cenário eleitoral continua viva e expressiva. Se toda essa conjuntura pode beneficiar ou prejudicar algum candidato, só veremos em outubro.

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