Conteúdos sobre bem-estar e estilo de vida com informações confiáveis, embasadas cientificamente e com orientações de especialistas
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O chá é uma bebida milenar e nesse artigo eu te conto sobre como a base dos chás, a planta Camelia Sinensis, pode ser um convite à pausa
Era a vontade ou a necessidade aparecer para ir ao quintal e lá arrancar da terra o funcho, o capim cidreira, o hortelã. Ervas frescas e em fartura para preparar o chazinho da vovó. Esse chá servia para acompanhar um bolo, para abrandar a nervosia, chamar o sono. Até hoje a memória me traz o aroma das ervas misturadas à água. Um aconchego na xícara de porcelana rara de dona Divina.
Pois essa saudade veio durante um encontro com Fernanda Bevilaqua, uma amiga que a profissão me trouxe. Ela tem uma trajetória na dança, é coreógrafa, bailarina, professora e, de uns poucos anos pra cá, o destino se encarregou de mais um ofício!
Fernanda é hoje uma sommelier de chás. Uma paixão inesperada que surgiu durante uma viagem à Índia, em 2004. Ela passaria muitos dias em terras indianas e como lá não tinha café – pelo qual ela também tem um apreço ímpar! – a sugestão foi tomar o chá preto. Não teve jeito!
Foi amor ao primeiro gole e, a partir daquele instante, decidiu estudar mais sobre essa bebida milenar.
Quero te dizer nem tudo é chá. Fernanda explica que chá é aquele que tem como base a Camelia Sinensis e dela se tem os chás branco, verde, preto e oolong. A depender de como é processo terão sabor e cheiro únicos e até onde se planta interfere nesse processo. Por exemplo, se o chazal está perto de uma plantação de lichia o chá poderá ter características dessa fruta na boca.
E as pesquisas sobre o chá não param.
A Fernanda, além de sommelier, é tea blender, uma profissional com habilidade para criar misturas que surpreendem pela sofisticação e benefícios.
No ano passado, ela tirou o 2º lugar no concurso brasileiro de chás com o Maria Bonita, que trazia principalmente flores e foi inspirado na força e na ternura da avó de Fernanda. A criação favorece a calma tão necessária no século XXI.
Fui até a casa da Fernanda essa semana. Na varanda a mesa posta com várias chaleiras e um arranjo de rosas. Um forrinho de apoio para a xícara borado por uma senhora quase centenária e que ela conheceu em um dos chazais que visitou. Um deles, em Registro, interior de São Paulo, onde teve a oportunidade de colher os brotos da Camelia. Tudo de forma artesanal. A delicadeza num processo que teve origem num certo ponto da história da humanidade.
Conta-se que um imperador chinês, também agricultor, parou para descansar e aqueceu a água para beber. Era primavera e o vento derrubou algumas folhas que mergulharam naquela xícara. Ele bebeu e imediatamente sentiu um frescor e uma sensação boa no peito, bem-estar que o fez agarrar na curiosidade para saber mais sobre a Camelia Sinensis. E o mundo todo aderiu ao chá.
Com tantas vantagens que há para corpo, mente e alma, entre os vários estão: energia, atrair o sono, espantar ansiedade, pensamento ruim, melhora a digestão ou simplesmente desacelerar como num passe de mágica ou o piscar de olhos.
Sentamos e durante a prosa a Fernanda me preparou o chá preto. Eu quis saber como a gente prepara, como deve ser a água. Pode parecer complicado, mas é muito mais simples do que pensamos.
Na maioria das vezes não precisa ferver o chá. E a quantidade é aquele punhadinho quando juntamos todos os dedos: do polegar ao mindinho num movimento conjunto. São cerca de dois gramas. Porém, a Fernanda recomenda que se experimente, avalie o que cada xícara te traz. É um processo de autoconhecimento para encontrar a xícara perfeita.
E nesse preparo tenha em mãos uma chaleira maior para a planta tenha espaço e desperte o melhor que há nela.
Ah, e o tempo? Aquele que marcamos no relógio. Pode variar de 30 segundos, a um minuto e meio ou mais. É perceber em qual dessas frações você mais sentiu a plenitude do chá.
Eu experimento a xícara de chá preto., eu já havia tomado antes e confesso que na época não gostei muito. Junto à Fernanda tive a chance de ter outro gosto. Preencheu meu paladar com uma lembrança da tâmara. Aprovei!
E a seguir a sommelier me fez o chai, muito popular na Índia. Fernanda escolheu uma chaleira transparente e do nada surge o dourado, incomparável. Ela abre a tampa e sobem até meu nariz as especiarias. Veio a canela, a pimenta, o cardamomo. Fecho os olhos e me sinto à vontade para beber tudo.
É um devorar um instante com tamanha presença. Então, aconselha, Fernanda, por que não separar 15 minutos para vivenciar esse pequenino ritual que tornar o nosso dia mais encantar em qualquer estação?
Ficou curioso para saber mais? Então aproveite que Uberlândia está na programação da Semana da Cultura do Chá! Confira:
Degustação com roda de conversa
Dia: 03/08 (sábado)
Horário: 10h às 12h30
Onde: Av. Afrânio Rodrigues Da Cunha, 121 – Tabajaras
Cerimônia chinesa do chá
Dia: 04/08 (domingo)
Horário: 10h às 11h30
Onde: Rua Quinze de Novembro, 239 – Fundinho