Era abril quando foi registrada a última chuva em Uberlândia. Desde então, já são 103 longos dias de estiagem intensa com consequências incômodas e até graves à saúde e ao bem-estar do uberlandense.
De acordo com a Amanda Souza, climatologista da XWeather, apesar da estiagem ser esperada nesta época do ano, um período longo sem chuva é motivo de preocupação. “É comum que nessa época do ano diminua a intensidade, a frequência de chuvas, no entanto, o tempo está muito seco e isso tem gerado anomalias negativas de precipitação. Isso traz impactos na agricultura, traz impacto no nível dos rios e reservatórios. É uma grande preocupação esse clima muito seco”.
Segundo levantamento do Sistema de Monitoramento de Secas da América Latina (SISSA), outras cidades da região também passam por um período de estiagem intensa, como Uberaba, Patrocínio, Patos de Minas e Ituiutaba.
Quando vem a chuva?
Agosto está batendo a porta e tudo indica, até o momento, que pode trazer novidades no cenário climático do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Mas nada está certo ainda, tudo depende de uma mudança na fase da Oscilação Antártica, que é um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártica.
Esse índice impacta diretamente no avanço de ciclones, registro de chuvas e até na temperatura aqui no Brasil. “Essa mudança de fase é que seria o ideal de acontecer nessa virada de mês, no entanto, os modelos climáticos estão patinando muito sobre quando essa umidade volta, principalmente falando de Sudeste”, explicou Amanda.
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Ainda que aconteça a mudança, Amanda explica que não há garantias que a chuva ou frente fria chegue em todo Brasil de forma uniforme. “Assim que começar a segunda quinzena de agosto existe sim uma possibilidade de mudança no padrão que tenha uma umidade avançando pelo centro-sul do Brasil. Mas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é uma área que a gente precisa monitorar muito porque a umidade tende a ficar parada no estado de São Paulo. Então, por mais que a chuva avance e chegue até algumas cidades da região não vai ser uma chuva generalizada, não vai ser regular ou suficiente para mudar o déficit hídrico da região”.
Calorão e tempo seco continuam
Até que a mudança climática aconteça, as altas temperaturas e a umidade baixa devem permanecer na região.
O inverno 2024, que começou no dia 20 de junho e continua até 22 de setembro, continua com características incomuns para esta época do ano.
Entre as consequências da estiagem e calor intensos estão o aumento dos incêndios em vegetação, aumento das doenças respiratórias, além da baixa de reservatórios, ameaçando o abastecimento regular de água em municípios mineiros.